Título: Para acalmar investidor, Senado italiano aprova pacote de ajuste fiscal
Autor: Tremonti
Fonte: Valor Econômico, 15/07/2011, Especial, p. A14

Agências internacionais

O Senado italiano aprovou ontem um pacote de austeridade de ¿ 45 bilhões, com o objetivo de convencer os investidores de que a terceira maior economia da zona do euro não será arrastada para a crise da dívida.

O governo colocou a votação das medidas em regime de urgência e aumentou o volume do aperto após a queda dos mercados nesta semana motivada por preocupações com a estabilidade financeira do país.

Apresentado como um voto de confiança no governo do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, o pacote foi aprovado por 161 a 135 votos. Hoje é a vez da Câmara dos Deputados votar. Apesar de o governo de centro-direita ter uma maioria menor nessa casa, a aprovação é esperada.

O pacote, que prevê atingir o equilíbrio do orçamento até 2014, inicialmente totalizava ¿ 40 bilhões, mas sofreu acréscimos 24 horas antes de ir ao plenário. O plano inclui redução de isenção de impostos, cortes em aposentadorias, um tributo sobre aplicações financeiras, repasse de despesas médicas para os cidadãos e um compromisso de privatizar algumas estatais (correios e ferrovias, entre outras). Porém, a maior parte dessas ações será implementada somente em 2013 e 2014. Também há 16 medidas visando estimular o crescimento da economia, como isenções tributárias para pesquisa e novos contratos trabalhistas baseados em ganhos de produtividade.

O destino da economia italiana é crucial para as esperanças da Europa de acabar com a crise da dívida, já que seu tamanho é bem superior às de Grécia ou Portugal e um resgate seria caro demais. A Itália tem aproximadamente ¿ 1,8 trilhão de dívida, mais do que as de Grécia, Espanha, Portugal e Irlanda somadas. Esse valor representa 120% do Produto Interno Bruto (PIB).

A extensão do receio dos investidores ficou evidente num leilão ocorrido ontem, quando a Itália viu suas taxas de empréstimos atingirem uma alta recorde na venda de ¿ 4,96 bilhões em títulos de 5 a 15 anos. O prêmio nos títulos de 5 anos atingiu 4,93%, o mais elevado para esse papel desde o lançamento do euro e mais de um ponto percentual além da taxa do último leilão, em junho (3,9%).

Os alertas das empresas de classificação de risco Moody"s e Standard & Poor"s de que estão revisando a avaliação da Itália para um possível rebaixamento - somados à oposição ao pacote de medidas dentro do próprio governo - ajudaram a elevar o prêmio da dívida.