Título: Gol vai ao Cade e sugere novo uso para a marca Webjet
Autor: Basile, Juliano
Fonte: Valor Econômico, 15/07/2011, Empresas/ Serviços, p. B4

De Brasília

A Gol informou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) do Ministério da Justiça que não pretende utilizar a marca Webjet pois o seu atual dono, Guilherme Paulus, fundador, acionista minoritário e presidente do conselho de administração da CVC, pretende aproveitar a marca na operadora turística para outros serviços relacionados ao turismo.

Com isso, o mercado de aviação deve perder uma marca "low cost" (de preços baixos). A informação foi dada por executivos da Gol, em reunião com o órgão antitruste, no fim da manhã de ontem, em Brasília. O objetivo do encontro foi o de mostrar a disposição da Gol de negociar com o Cade.

A companhia se colocou à disposição para assinar um acordo com condições a serem cumpridas até o julgamento final da compra da Webjet. Por essas condições, o negócio seria suspenso até a palavra final do órgão antitruste.

"Foi uma boa demonstração de que a companhia respeita o Cade e está levando em consideração a sua atuação", afirmou Fernando Furlan, presidente do órgão antitruste. Mas o fim da Webjet no mercado de aviação preocupa o Cade. "Isso é algo que teremos que estudar", disse Furlan.

Segundo os executivos da Gol, Paulus, que vendeu 63,6% das ações da CVC para o fundo de investimentos Carlyle, quer manter a marca para a operadora, mas em outra atividade que não é a de aviação. A ideia seria usar a Webjet para serviços relacionados ao turismo, como, por exemplo, o desenvolvimento de um site de busca de passagens e de ofertas de viagens semelhante ao Decolar.

O fim da Webjet na aviação não é bom para o Cade, pois restariam poucas alternativas de marcas "low cost", como a Azul. Ou seja, haveria uma redução da competição no setor aéreo e menos alternativas de passagens a preços baixos aos consumidores. O melhor cenário para o Cade seria a Webjet ser mantida como uma operadora de transporte aéreo ou uma empresa de voos fretados. Nessa hipótese, a marca continuaria exercendo concorrência no mercado de aviação.

Na reunião, a Gol informou que uma das razões que a levou a escolher a Webjet foi a frota de aviões da Boeing dessa companhia. Como a Gol usa aeronaves da mesma empresa, haverá uma redução nos custos de manutenção.

A compra da Webjet pela Gol significa a união da quarta com a segunda empresa do mercado de aviação. A liderança ainda é da TAM. O Cade também terá de julgar a união entre a LAN e a TAM.

A Gol informou ontem aumento de 10,4% na demanda total em junho, ante o mesmo mês de 2010. A taxa média de ocupação dos aviões foi de 65,6%, um aumento de cinco pontos percentuais na comparação ano a ano, e 2,3 pontos percentuais diante do mês anterior.

Conforme a Gol, o mercado doméstico apresentou crescimento de 12,9% em relação ao mesmo período do ano anterior, principalmente devido ao aumento de capacidade no setor às restrições de operação na América do Sul por conta das cinzas do vulcão chileno Puyehue.