Título: Temer e Moreira Franco dizem que PMDB não está imune a investigações
Autor: Lima, Vandson
Fonte: Valor Econômico, 28/07/2011, Política, p. A5

De São Paulo

Dois caciques do PMDB defenderam o tratamento implacável que a presidente Dilma Rousseff (PT) tem adotado em denúncias de corrupção nas diversas esferas do governo federal. O vice-presidente Michel Temer e o ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco, observaram que o PMDB não está imune à "faxina" imposta pela presidente.As declarações dos pemedebistas foram dadas ontem, mesmo dia em que o Diário Oficial da União publicou a exoneração de Oscar Jucá Neto, irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Jucá Neto pediu para deixar a diretoria da Companhia Nacional de Abastecimento após denúncias de que teria liberado irregularmente um pagamento de R$ 8 milhões para a empresa de armazenagem Renascença. Segundo reportagem da revista "Veja", a empresa está em nome de dois laranjas. Também foram publicadas ontem as demissões do diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, e do diretor de Infraestrutura Rodoviária do órgão, Hideraldo Caron (PT).

Para Temer, "o PMDB, assim como todos os partidos, tem que se submeter aos regimes normais de controle". Na mesma linha, Moreira Franco observou: "Não estamos nos protegendo e não temos o menor receio de que as apurações devam ser feitas com rigor pela Polícia Federal e pela CGU [Corregedoria-Geral da União]. Apurado qualquer ilícito e qualquer desvio de conduta, tem que ser rigorosamente punido, seja companheiro do partido ou não". Reportagem do Valor na última segunda-feira mostrou que as mudanças em Furnas, tradicional feudo do PMDB e alvo de denúncias por parte dos funcionários de carreira da instituição, restringiram-se à troca do presidente da empresa.

Temer, que compareceu à inauguração da ponte estaiada Governador Orestes Quércia minimizou as declarações do ministro da Defesa, Nelson Jobim (PMDB), em entrevista à "Folha de S.Paulo", de que na última eleição presidencial votou em José Serra (PSDB). "Todo mundo sabe que no PMDB houve divergências durante a campanha. A grande maioria votou na chapa [presidencial] Dilma/Temer, mas alguns tiveram dificuldades e foram compreendidos pelo partido", disse o vice-presidente, que defendeu ainda o trabalho de seu correligionário e ministro. "Quero registrar que o Jobim faz um grande trabalho, organizou o setor da defesa no país e é fundamental para o governo", afirmou. Jobim foi ministro da Justiça do governo de Fernando Henrique Cardoso. Assumiu a Defesa em 2007 e foi no cargo pela atual presidente.

Nem todos os governistas viram com a mesma tranquilidade as declarações. O deputado Federal André Vargas (PT-PR) manifestou seu descontentamento no Twitter: "Para dar uma declaração destas Jobim deve se achar a ultima bolacha do pacotinho. Deve achar que não há outro ministro de Defesa possível". (com agências noticiosas)