Título: Geithner defende nova ofensiva pelo crescimento
Autor: Giles, Chris; Harding, Robin
Fonte: Valor Econômico, 09/09/2011, Internacional, p. A9

Financial Times, de Londres e Washington

O secretário do Tesouro dos EUA, Tim Geithner, convocou políticos e presidentes de bancos centrais a reestimular o crescimento econômico, deixando de lado "a paralisia política [e] os medos infundados de inflação e "risco moral"", uma vez que as projeções econômicas apontam para a provável estagnação das economias mais ricas do mundo pelo resto do ano.

Em artigo publicado hoje pelo "Financial Times", Geithner pediu aos parlamentares americanos que apoiem um "pacote substancial de investimentos públicos" de estímulo ao emprego, convocou a Europa a resolver a crise das dívidas soberanas e encorajou a China a fortalecer a demanda doméstica e permitir a valorização do yuan.

O apelo por ações imediatas seguiu-se à divulgação pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de previsões econômicas extremamente baixas para o resto do ano.

A OCDE reviu para baixo suas estimativas anteriores e previu que as economias mais avançadas mal conseguirão crescer no segundo semestre do ano, além de também ter revertido suas recomendações anteriores, de elevação das taxas dos juros e redução acelerada dos déficits (leia texto abaixo).

A instituição prevê índices médios de crescimento trimestral inferiores a 0,2% nos países do G-7, tanto no terceiro como no quarto trimestres, sem descartar a chance de outra recessão.

"Caso existam perspectivas de uma desaceleração duradoura na atividade, os países que tenham [...] situações fiscais confiáveis estão em melhor posição para reagir e deveriam fazê-lo", afirmou o economista-chefe da OCDE, Pier Carlo Padoan.

Geithner deixou claro que o presidente dos EUA, Barack Obama (que divulgaria um novo programa de estímulos ontem à noite) resistirá a um rápido aperto fiscal em 2012 e convocou os demais países a seguirem o mesmo caminho.

Também insistiu que "nenhum dos grandes bancos centrais está sem munição" para lutar contra outra crise econômica.

O presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), Ben Bernanke, disse, em discurso, que "certamente fará tudo o que puder para restaurar os altos índices de crescimento e emprego".

No pronunciamento que fez em Minneapolis, no entanto, Bernanke evitou qualquer discussão sobre as opções do Fed para o encontro de política monetária marcado para os dias 20 e 21 de setembro.

Ontem, contudo, os bancos centrais na Europa ignoraram apelos similares para que passem a agir com mais urgência em suas respostas à desaceleração.

Também ontem, o Banco Central Europeu (BCE) deixou sua política monetária inalterada, embora tenha revisado para baixo suas previsões econômicas e seu presidente, Jean-Claude Trichet, tenha afirmado que a economia da região do euro está sujeita a "riscos negativos intensificados".

O Banco da Inglaterra também se recusou a reiniciar uma flexibilização monetária quantitativa diante de sua economia que está quase estagnada.