Título: Desafio de virar seis resultados
Autor: Sassine, Vinicius; Pariz, Tiago; Iunes , Ivan
Fonte: Correio Braziliense, 28/08/2010, Política, p. 2

ELEIÇÕES 2010

Aliados de Lula enfrentam dificuldades em Minas, em São Paulo, no Rio Grande do Sul, no Paraná, no Rio e no DF. Eles cobram mais aparições do presidente para reverter o cenário

Luiz Inácio Lula da Silva, o principal cabo eleitoral de outubro disputado a tapas, não tem conseguido alcançar resultados satisfatórios aos candidatos regionais. Em seis praças, nomes que se apresentam como o candidato do Lula patinam entre o eleitorado, cobram o presidente por mais aparições e pedem aos comitês nacionais mais dinheiro. Enquanto cenários negativos se alastram por Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro e Distrito Federal, a candidata do PT ao Planalto, Dilma Rousseff, vê cada vez mais materializada a chance de vencer a corrida presidencial em primeiro turno.

Esse paradoxo entre o poder nacional de Lula e as dificuldades regionais deve-se a um cansaço e à rejeição do eleitorado em relação ao PT, e à dificuldade de superar a barreira do voto mais conservador e de não conseguir contrabalancear o peso da popularidade de políticos regionais. Dinheiro na campanha nacional não falta, por isso a ordem é atender todas as necessidades dos aliados locais. Há inclusive um esforço de pedir para que doadores da campanha de Dilma também contribuam para as disputas estaduais. Com o dinheiro, vem a promessa da mobilização pessoal de Lula em corpo a corpo e reunião com lideranças políticas e empresariais.

O candidato do PT em São Paulo, Aloizio Mercadante, pediu e foi atendido. Hélio Costa (PMDB), o concorrente em Minas Gerais, requisitou pelo menos cinco visitas de Lula ao estado não está nada certo. Osmar Dias (PDT), o postulante no Paraná, quer pelo menos duas agendas em comum. Se atender todas as requisições, a eleição durará mais do que os 35 dias que faltam até 3 de outubro.

Até agora, o certo é que São Paulo será a praça tratada com esmero. Até o fim da campanha, é o estado que receberá mais vezes a candidata Dilma Rousseff. Serão três vezes, mais a possibilidade de sediar o comício final da campanha. O comitê financeiro nacional do PT prometeu ajudar a campanha de Aloizio Mercadante a honrar os compromissos. É natural que a campanha nacional coloque recursos porque ela também sai fortalecida, disse o prefeito de Osasco, Emídio de Souza, coordenador de Mercadante.

Segundo ele, até 15 de setembro as pesquisas de intenção de votos mostrarão o crescimento do petista na eleição paulista, que até agora vislumbra a vitória em primeiro turno do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. O PT sempre cresce na reta final, vislumbra Emídio. O deputado estadual Rui Falcão (PT), coordenador de comunicação de Dilma, aposta que o potencial de Mercadante é chegar aos 30% e levar a disputa para o segundo turno. O problema principal da campanha do Mercadante hoje não é dinheiro, mas conhecimento público, disse Falcão. São Paulo só não recebe o comício final da campanha se o candidato não conseguir reverter a tendência pró-Alckmin neste último mês. Nesse caso, o comício será feito no Rio, onde as pesquisas apontam para a provável reeleição do governador Sérgio Cabral (PMDB).

Colaborou Ivan Iunes

30 de setembro Último dia da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão

Os embaraços

O presidente irá se dedicar a evitar desastres em seis locais onde seus candidatos a governador e senador vão mal. Veja abaixo quais são os problemas.

São Paulo A maior resistência é o eleitorado da capital que não absorveu duas gestões petistas polêmicas: Marta Suplicy (2001-2004) e Luiza Erundina (1989-2002). Na agenda de Dilma, é o estado que mais aparece até o fim de setembro, são três aparições previstas para segunda-feira, quinta-feira e 12 de setembro.

Minas Gerais Lula tem dificuldade em conseguir usar sua popularidade para neutralizar os altos índices de aprovação de Aécio Neves. O candidato ao governo Hélio Costa vê seu adversário, Antonio Anastasia (PSDB), aproximar-se e o postulante ao Senado, Fernando Pimentel (PT), enfrentar obstáculos para ultrapassar o ex-presidente Itamar Franco (PPS).

Rio Grande do Sul Foram 16 anos de administração do PT que geraram um cansaço do eleitor gaúcho. O estado foi um dos únicos do país em que Lula conseguiu derrotar Fernando Henrique Cardoso, quando perdeu a disputa pela Presidência. Em 2006, um ano depois do mensalão, a tendência inverteu-se e ele foi derrotado por Geraldo Alckmin (PSDB). Hoje as pesquisas mostram Dilma na frente de Serra. Tarso, apesar de liderar nas pesquisas de intenção de votos, ainda tem um difícil segundo turno para enfrentar.

Paraná Estado em que o PSDB aposta no sucesso da administração de Curitiba com Beto Richa para elegê-lo governador, Serra consegue em Curitiba um alento. O PT não consegue atrair o voto conservador e vê um descolamento entre a candidata ao Senado, Gleisi Hoffman (PT), e ao governo, Osmar Dias (PDT).

Rio de Janeiro Estado pró-Lula e pró-Dilma deverá reeleger o governador Sérgio Cabral (PMDB). Mas um dos favoritos a conquistar uma das duas vagas ao Senado é Cesar Maia (DEM) deixando para trás o ex-prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT).

Distrito Federal Depois do governo de Cristovam Buarque (1995-1998), o PT tem diminuído seus votos e visto crescer Joaquim Roriz (PSC), aliado do DEM, mas que foi envolvido na Caixa de Pandora, que abateu o ex-governador José Roberto Arruda. A eleição dos dois senadores governistas é mais provável, enquanto a corrida pelo Palácio do Buriti é uma incógnita.