Título: Dissidência do PR registra novo partido
Autor: Lima, Vandson
Fonte: Valor Econômico, 19/07/2011, Política, p. A8

O deputado federal Diego Andrade (PR-MG) anunciou ontem que participa da criação do Partido do Desenvolvimento Nacional (PDN). Sobrinho do senador Clésio Andrade (PR-MG), Diego se esquivou quando questionado sobre uma eventual migração do tio para a sigla. Em abril, o senador, às turras com a ala do partido comandada pelo deputado federal Valdemar Costa Neto (SP), consultou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a apresentação de justa causa para desfiliar-se do partido sem perder o mandato.

Segundo o deputado, o PDN por ora não agregou qualquer outra liderança política, ainda que várias tenham sido consultadas e tenham demonstrado simpatia pelo projeto - Diego tergiversou sobre quais seriam estas lideranças, bem como não precisou se falava de egressos do PR ou de outras siglas. Também não confirmou - nem desmentiu - que haja negociação para que a sigla aglutine o PRTB, que tem dois deputados na Câmara: "O partido nasce por iniciativa de lideranças das áreas rural e de transportes, apoiando o agronegócio e a indústria nacional. Nossas bandeiras são o fortalecimento dos municípios, a diminuição dos juros e a desburocratização".

Uma coisa parece certa na atuação vindoura do PDN: o partido deve, tal como o PR, estar na base governista tanto no Estado quanto no âmbito federal. "Não discriminamos ninguém. Acho a presidente Dilma [Rousseff] uma grande gestora, preocupada com a área de transportes. E fui diretor da Companhia de Saneamento de Minas Gerais, durante a gestão Aécio Neves (PSDB)", observa Andrade.

O PDN não deve conseguir lançar candidatos para as eleições municipais de 2012, já que seu primeiro registro em cartório acabou de ser efetuado e a partir de agora serão tomadas as providências para sua legalização junto ao TSE.

Andrade, que diz ter como exemplo de partido bem sucedido nos últimos anos o PSB ("Com Eduardo Campos [governador], Pernambuco virou um verdadeiro canteiro de obras, ", avalia) diz não temer uma possível cassação de mandato por infidelidade partidária: "Não podemos ter essa ditadura de partido. Até porque sairei do PR para fundar outra legenda", diz. Seus planos podem ser dificultados pelo projeto de lei, já aprovado no Senado e que passará pela Câmara depois do recesso, que pune também aqueles que deixarem uma sigla para criar outra: "Trabalho com a regra de hoje", pontua.

Parlamentar na primeira legislatura, Diego Andrade recebeu, de acordo com prestação de contas no TSE, R$ 1,3 milhões em doações na campanha de 2010. A maior parte da receita, R$ 380 mil, veio de doações de uma construtora de Belo Horizonte (Comim Ltda). Do senador e tio Clésio Andrade, Diego recebeu R$ 330 mil.

O Valor tentou contactar os outros quatro deputados federais do PR mineiro para comentar a iniciativa de Andrade, sem sucesso.