Título: OCDE sinaliza cenário de freada global
Autor: Hannon, Paul
Fonte: Valor Econômico, 13/09/2011, Internacional, p. A13

Dow Jones Newswires

Estão se avolumando os indícios de uma persistente desaceleração das maiores economias mundiais, e está cada vez mais claro que os EUA compartilharão esse destino, segundo os indicadores antecedentes compostos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

O instituto de análise e pesquisa sediado em Paris disse ontem que o indicador antecedente do nível de atividade econômica de seus 34 países-membros caiu para 101,6 pontos em julho, em relação aos 102,1 pontos de junho, o que sugere que o crescimento da economia tende a continuar lento.

Essa foi a quarta queda mensal consecutiva do indicador, o que revela que a desaceleração do crescimento observada no segundo trimestre deverá persistir.

"Os indicadores antecedentes compostos de julho de 2011... continuam a apontar para uma desaceleração do nível de atividade da economia na maioria dos países da OCDE e nas principais economias não filiadas à organização", disse a OCDE.

Entre as economias desenvolvidas, a OCDE disse que seus indicadores antecedentes apontam "com mais força" para a persistência da retração da economia em Canadá, França, Alemanha, Itália e Reino Unido. Entre as economias em desenvolvimento, os indicadores apontam para desacelerações - ou para um período de crescimento inferior às respectivas tendências de longo prazo - em Brasil, China e Índia.

A OCDE disse que os indicadores antecedentes dos Estados Unidos e da Rússia "apontam atualmente com mais clareza" para a persistência do desaquecimento.

Depois de o indicador antecedente do Japão ter permanecido inalterado por três meses consecutivos, é possível, segundo a OCDE, que o país também esteja se encaminhando para uma retração da economia.

Em reunião em Marselha, na França, na sexta-feira, os ministros da Fazenda e presidentes dos BCs dos membros do Grupo dos Sete países mais desenvolvidos do mundo reconheceram que suas economias estão em desaceleração. "Há atualmente sinais inequívocos de desaquecimento do crescimento mundial", disseram eles em comunicado. "Estamos engajados em promover uma forte e coordenada reação internacional a esses desafios."

Os indicadores antecedentes da OCDE visam captar sinais precoces de pontos de inflexão entre expansão e desaceleração da atividade econômica, e são baseados em uma ampla diversidade de dados que têm um histórico de sinalização de mudanças na atividade econômica.

Para cada economia, uma pontuação de 100,00 caracteriza a tendência da taxa de crescimento de longo prazo. Os indicadores para o Brasil e a Índia estão abaixo desse nível desde fevereiro.

Segundo a OCDE, o Produto Interno Bruto (PIB) combinado de seus membros cresceu 0,2% no segundo trimestre, uma expansão um pouco mais lenta do que o 0,3% registrado no primeiro trimestre.

Na semana passada, economistas da OCDE rebaixaram suas previsões de crescimento para o grupo das sete principais economias desenvolvidas neste ano e exortaram os bancos centrais a intervir, se o esfriamento persistir ou se houver sinais de recessão.

Os economistas esperam uma contração das economias da Alemanha, locomotiva da zona do euro, e da Itália, com situação fiscal problemática. O PIB alemão deverá cair 1,4% no quarto trimestre em termos anualizados, levando o PIB médio ponderado das três maiores economias na zona do euro a cair 0,4%, segundo estimativas econômicas preliminares da OCDE.

As previsões sugerem um crescimento da economia americana bem menor do que o anteriormente previsto pela OCDE - 1,1% no terceiro trimestre e 0,4% no quarto, em comparação com as previsões de 2,9% e 3% no final de maio.