Título: Novidade, mecanização eleva perda no canavial
Autor: Batista, Fabiana
Fonte: Valor Econômico, 13/09/2011, Agronegócios, p. B14

Por De São Paulo

Se não bastasse a oferta escassa de cana, as usinas do Centro-Sul estão padecendo nesta safra de um elevado índice de perdas na mecanização da colheita da matéria-prima. Ainda em curva de aprendizagem no uso dessa tecnologia, as indústrias registram, em casos extremos, perdas de até 16%. Sem estimativas oficiais, o mercado projeta desperdício médio de 10%.

A falta de preparo adequado do solo para receber as colheitadeiras e de qualificação para operadores dessas máquinas são os principais causadores desse desperdício, diz Plínio Nastari, presidente da consultoria Datagro. "A colheitadeira acaba não cortando a cana rente ao solo. Em casos extremos, há usinas com perdas de 16% de ATR (Açúcar Total Recuperável), quando no corte manual esse percentual fica entre 1,5% e 2%.", afirma Nastari.

O índice de impurezas que sai do solo e vem junto com a cana para a indústria também aumentou. O desejável, diz o presidente da Datagro, é de um volume próximo de 10 quilos de impureza para cada tonelada de cana. "Mas em alguns casos, o processo traz até 30 quilos de terra por tonelada", diz.

De acordo com dados do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), em torno de 75% da área de cana do Estado de São Paulo está sendo colhida com máquinas, dentro da meta do protocolo ambiental firmado entre governo do Estado e usinas para mecanizar até 2015 100% das áreas de cana com declive até 12%.

O diretor de mercado do CTC, Osmar Figueiredo, diz que a entidade não dispõe de levantamento sobre os níveis de perdas médias que setor vem tendo com a mecanização. Mas ele acredita que apenas 50% das indústrias localizadas no Centro-Sul estão com condições bem estruturadas - solo preparado, mão de obra treinada, etc - para a colheita mecânica.

O vice-presidente de Açúcar e Etanol da Raízen, Pedro Mizutani, acredita que, na média, o Centro-Sul esteja com perda de aproximadamente 10% por causa da mecanização, quando o tolerado seria de, no máximo, 5%. Ele, no entanto, considera natural que neste momento haja índices elevados de perdas. "O setor está em curva de aprendizagem", observa Mizutani. "Operadores estão sendo treinados, os canaviais estão velhos e, por isso, as máquinas não rendem tanto e trazem mais impurezas para a indústria". (FB)