Título: Ritmo de criação de empregos cai em agosto, puxado pela indústria
Autor: Rodrigues, Azelma; Martins, Arícia
Fonte: Valor Econômico, 15/09/2011, Brasil, p. A2

De Brasília e São Paulo

O fraco desempenho da indústria brasileira reduziu o ritmo de contratações do setor. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontam que, em agosto, a indústria brasileira abriu 35,9 mil vagas, metade dos 74,7 mil postos de trabalho criados no mesmo mês do ano passado. O ritmo de criação de vagas também caiu nos demais setores, mas de forma menos acentuada. No país todo, em agosto foram criadas 190,5 mil vagas no mercado formal, um número 36,4% menor que em agosto de 2010. No comércio, o ritmo foi 32% menor, enquanto no setor de serviços foram abertas 26% menos vagas que em agosto do ano passado.

O enxugamento na indústria, segundo o analista da Tendências Consultoria, Rafael Bacciotti, reflete as dificuldades de comercialização dos produtos, diante da concorrência dos importados e do menor espaço para exportações em decorrência da crise que atinge as economias desenvolvidas. "Com os estoques altos, não há porque ter muitas contratações", afirma.

Projetando crescimento de apenas 2% para o setor em 2011, Bacciotti estima que até mesmo a tradicional abertura de vagas para suprir a demanda das festas de final de ano - que na indústria acontece entre agosto e outubro - neste ano serão mais fracas.

Olhando para a indústria paulista, o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Francini, está pessimista. Segundo ele, há o risco de a indústria de transformação do Estado fechar 2011 com geração zero de vagas. O nível de emprego no setor em agosto ficou 1,46% acima do registrado no mesmo mês de 2010, mas recuou 0,49% na comparação com julho, já considerando os ajustes sazonais. Foi o pior resultado para o mês de agosto desde 2006, segundo a entidade. "Claramente dá para ver que temos uma mudança. Se comparamos com outros meses de agosto, há geração de empregos", comenta Francini.

Os dados do Caged, divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho, mostram que em agosto o desempenho positivo do mercado de emprego formal foi puxado pelo setor de serviços, que criou 94.398 postos líquidos, seguido por comércio (44.336), indústria de transformação (35.914), construção civil (31.613), extrativa mineral (1.997) e administração pública, com criação de 1.722 vagas.

Em outro sentido, de acordo com o Ministério do Trabalho, serviços industriais de utilidade pública registraram demissão líquida de 36 postos, mesmo comportamento verificado no agronegócio, que perdeu 19,4 mil vagas em agosto. De janeiro a agosto, com ajustes (contratações informadas depois do prazo), o Ministério do Trabalho apontou a geração de 1,8 milhão de empregos formais. Nos 12 meses encerrados em agosto foram criados 2,09 milhões de empregos com carteira assinada.