Título: Câmbio leva IGP-DI à deflação de 0,45%
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 07/04/2006, Brasil, p. A3

O Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) intensificou a trajetória de queda e registrou em março deflação de 0,45%, segundo dados divulgados ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Pela primeira vez na história - o índice é coletado desde 1944 -, a taxa em 12 meses ficou negativa. Até março, o IGP-DI registra queda de 0,29%. Segundo o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, a continuidade da apreciação do real em relação ao dólar teve um efeito decisivo na desaceleração do índice. "No fim do ano passado, tinha se disseminado a idéia de que o câmbio tinha chegado a seu piso. Mas o que se verificou no início deste ano é que a apreciação cambial continua e isso foi parar nos preços", disse. O "efeito câmbio" já tinha sido sentido em fevereiro, quando houve deflação de 0,06%, mas foi confirmado no mês passado. Os preços no atacado, que representam 60% da taxa de inflação, passaram de -0,12% para -0,82% de fevereiro para março. Dos 460 produtos que compõem o Índice de Preços por Atacado (IPA), 192 deles registraram variação negativa. As matérias-primas brutas lideraram a queda, com recuo de 3,52%, em comparação com uma queda de 1,06% em fevereiro. Segundo Quadros, o retorno a níveis de deflação compatíveis com os observados no ano passado não eram esperados e podem significar um momento de transição para um novo nível de inflação, mais baixo. Ele diz que é o câmbio quem vai ditar se a trajetória de deflação vai perdurar ou não. Entre os principais benefícios de bater o menor percentual em 12 meses, o pesquisador lembra das dívidas entre Estados e União. "O saldo devedor dos Estados pode até diminuir", disse. Já a inflação para o consumidor passou de 0,01% para 0,22% em março. As maiores acelerações foram nos itens taxa de água e esgoto residencial e gás de bujão. Já o álcool combustível vendido nos postos registrou uma alta de 14,19%, em comparação com um aumento de 3,64% em fevereiro. Os custos na construção civil foram de 0,19% para 0,20% no mês passado.