Título: Preço de energia de Angra 3 está próximo ao de termelétrica
Autor: Sergio Leo
Fonte: Valor Econômico, 07/04/2006, Brasil, p. A4
Nas condições atuais de mercado, se construída a usina nuclear de Angra 3, ela poderia fornecer energia ao custo de R$ 138,00 o megawatt/hora, o que aproxima o preço da energia nuclear dos últimos preços registrados para a energia termelétrica leiloada pelo governo. A constatação integra estudo sobre a viabilidade de Angra 3 apresentado ontem na reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), para orientar o governo sobre a polêmica decisão de construir ou não a usina. O CNPE aprovou as 54 áreas de exploração de gás e petróleo sugeridas pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) para a oitava rodada de licitações para exploração no país. Com a decisão, a ANP marcou para os dias 27 a 29 de novembro a realização da rodada, segundo informou o diretor-geral da agência, Haroldo Lima. Essas áreas abarcam 1,9 milhão de quilômetros quadrados, dos quais serão destacados cerca de 500 mil quilômetros quadrados para os lotes de exploração a serem oferecidos. Esses lotes serão definidos até a próxima reunião do CNPE, em maio. O resultado dos estudos sobre Angra 3 animou os defensores da construção da usina, que foi incluída no ano passado no Plano Decenal de Expansão da Oferta de Energia elaborado pelo Ministério das Minas e Energia, mas enfrenta resistências no governo. O secretário de Energia, Indústria Naval e Petróleo do Rio de Janeiro, Wagner Victer, chegou a dizer que o ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau, apóia o projeto (Rondeau apenas defendeu, na reunião, que seguissem os estudos de viabilidade de Angra 3). Victer, convidado para a reunião, apresentou ao conselho um abaixo-assinado em favor da usina, em seu nome e dos prefeitos e presidentes das Câmaras de Vereadores de Angra dos Reis, Mangaratiba, Rio Claro e Paraty, cidades próximas da usina. Se aprovada, a construção da usina começaria em 2008, para início de funcionamento em 2013. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse não ter ainda uma resposta satisfatória para o destino do lixo radioativo a ser produzido pela usina e pediu estudos adicionais. A ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, que, no ano passado, se opôs ao projeto devido ao alto preço, estimado então em mais de R$ 180 o MW/h, não chegou a participar da discussão, por ter saído para discutir a ação do governo em relação à Varig, em reunião no Palácio do Planalto. O CNPE decidiu, ainda, a realização, em 31 de maio, do segundo leilão de áreas inativas com depósitos marginais de gás e petróleo. Haroldo Lima, da ANP, acredita que esses leilões deverão trazer para o mercado um grande número de pequenas e médias empresas nacionais, para quem essas áreas têm interesse econômico. No primeiro leilão desse tipo de reservas, 86 empresários brasileiros de pequeno e médio porte se apresentaram, despertando a atenção do governo para essa demanda, comentou Lima. Ele informou que serão oferecidos lotes em 25 áreas, no Espírito Santo, Maranhão e Rio Grande do Norte, todos terrestres. O CNPE decidiu promover mais estudos sobre as mudanças na lei para atender a pretensão da ANP de controlar o mercado de álcool no país. A ANP, que tem jurisdição sobre o fornecimento de álcool a partir das distribuidoras, quer poder para regular também a produção e comercialização a partir das fazendas.