Título: Atividade prospera na crise
Autor: Vaz, Viviane
Fonte: Correio Braziliense, 01/09/2010, Mundo, p. 18

Uma ONG espanhola revelou ontem que a quantidade de homens espanhóis que se prostituem triplicou nos últimos anos, devido à crise econômica. Do total de pessoas que exercem a prostituição na Espanha, 20% são homens. A maioria é de imigrantes, mas o número de espanhóis se multiplicou por três, diz Iván Zaro, coordenador da Fundação Triângulo, coordenador da pesquisa.

A maioria exerce (a prostituição) de forma autônoma e sem coação: fazem programas com quem querem, quando querem e do modo que querem, e muitos recusam clientes quando a situação econômica permite, diz Zaro. No entanto, a mesma pesquisa também mostrou que a atividade na Espanha continua sendo exercida majoritariamente por estrangeiros (75% dos casos), além de ter diminuído o número dos que chegam de fora da União Europeia.

Em 2006, cinco pessoas foram detidas em Extremadura por explorarem homens sexualmente, apesar de não formarem um grupo estruturado e organizado. Para Zaro, as redes de tráfico e exploração sexual de homens, como a desarticulada ontem pela polícia espanhola, são algo ainda episódico. O tráfico de homens com fins de exploração sexual é residual, não chega a 1%, diz. O assistente social também revela que a prostituição masculina na Espanha está desaparecendo das ruas e se realiza agora principalmente pela internet, em apartamentos ou em quartos por horas. E nas cidades pequenas é um fenômeno mais oculto, completou.

Em Madri, a fundação calcula que existam mais de mil homens na atividade, com média de idade aproximada de 28 anos. Cerca de 30% se definiram como heterossexuais, 46,5% se qualificaram como bissexuais e 22,8%, homossexuais. Outro dado mostrado pela pesquisa é que a taxa de infecção por HIV nesse grupo seria de 23%, e a dos transexuais, de 37%, uma incidência muito alta comparada com a verificada entre as prostitutas espanholas apenas 0,8% são portadoras do vírus.

Os homens, de acordo com o levantamento, exercem a prostituição por menos tempo que as mulheres (entre 18 e 20 meses), na maioria das vezes por necessidade econômica ou para manter um padrão de vida. A prostituição de menores é praticamente inexistente e se registra somente nas ruas, revelou ainda o estudo da Fundação Triângulo. A entidade diz que não tem fins lucrativos e que seu objetivo é promover a igualdade social entre lésbicas, gays, bissexuais e transexuais. (VV)