Título: Thomaz Bastos diz que vai prestar esclarecimentos ao Congresso
Autor: Juliano Basile
Fonte: Valor Econômico, 07/04/2006, Política, p. A10
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, colocou-se à disposição do Congresso para esclarecer dúvidas sobre a quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. Ele enviou ofícios aos presidentes da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), oferecendo-se a comparecer em qualquer uma das Casas em data a ser marcada. Parlamentares da oposição vinham cobrando esclarecimentos de Bastos desde o fim de semana, quando foi descoberto que dois assessores diretos dele estiveram na residência de Antonio Palocci na noite em que o então ministro da Fazenda recebeu o extrato bancário do caseiro. Os assessores - o secretário de Direito Econômico, Daniel Goldberg, e o chefe de gabinete, Cláudio Alencar - já depuseram à Polícia Federal e negaram o acesso aos dados bancários do caseiro. Eles não teriam presenciado a entrega do extrato pelo então presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, a Palocci. A PF descartou ouvir o ministro da Justiça. Mas, a oposição insiste em ouvir a versão de Thomaz Bastos. "Em função dos requerimentos, apresentados por parlamentares, manifesto a minha disposição em comparecer a qualquer uma das Casas do Parlamento em data a ser marcada de acordo com a conveniência do Legislativo", afirmou o ministro da Justiça nos ofícios enviados a Renan e Aldo. A expectativa é que Bastos vá ao Congresso na semana que vem. A Polícia Federal negou, ontem, que vá promover acareação entre Palocci e Mattoso para esclarecer o episódio da quebra do sigilo de Francenildo. O delegado responsável pelas investigações, Rodrigo Gomes Carneiro, descartou a necessidade deste tipo de procedimento, pois entende que dificilmente auxiliará nas investigações. Para ele, as versões de Palocci e Mattoso são complementares. Carneiro poderá chamar Palocci e o ex-assessor de comunicação do Ministério da Fazenda, Marcelo Netto, para um novo depoimento. Ao que tudo indica, a ordem para a quebra do sigilo partiu de Palocci, comentou, ontem, um assessor da PF. Daí, a necessidade de ouvir o ex-ministro novamente para tirar as últimas dúvidas sobre o episódio. Netto recusou-se a responder as perguntas da PF, alegando o direito de não se auto-incriminar. Por isso, será questionado novamente. Carneiro pretende terminar o seu relatório final sobre o caso Francenildo até o dia 21 de abril. Ele enviará as conclusões ao Ministério Público para processar os envolvidos.