Título: Coordenador tucano teme campanha agressiva
Autor: César Felício
Fonte: Valor Econômico, 05/05/2006, Política, p. A13

Coordenador da pré-campanha presidencial do ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB), o senador tucano Sérgio Guerra se disse ontem preocupado com o aumento da agressividade da campanha entre Alckmin e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O pensamento de Guerra difere da maioria dos aliados do candidato tucano, que apostam em uma campanha de acusações contra o petista para diminuir a diferença dos dois na pesquisa. "A crise não vai parar, mas trabalhamos com a hipótese de termos um adversário altamente competitivo. As denúncias contra Lula não têm mais a repercussão que tinham antes ", afirmou Guerra em um seminário da empresa de consultoria Tendências, em São Paulo. "Não desejamos o combate mútuo, mas o PT vai desejar, até porque sobre Lula tudo já foi dito e sobre Alckmin eles vão procurar alguma coisa e supõem que vão achar", observou Guerra. Nos últimos quinze dias, Alckmin foi alvo de duas denúncias, ambas de forma indireta: a primeira levanta suspeitas de direcionamento político da verba publicitária do banco estatal "Nossa Caixa". A segunda, menciona uma suposta improbidade de sua esposa, Maria Lucia Alckmin, ao receber vestidos de graça do estilista Rogério Figueiredo. O tucano disse que coordenará a montagem de palanques regionais para o candidato presidencial até junho, quando Alckmin deve ser oficializado candidato. Neste momento, haverá uma nova avaliação para decidir se a estrutura inicial da campanha será mantida. "É uma fase difícil para o candidato, que tem que somar aliados em vários estados, contornar conflitos e harmonizar as frentes regionais", disse. Guerra admitiu que a atenção de Alckmin estará voltada para o Nordeste e que o PSDB deseja do PFL um candidato a vice para a chapa oriundo do Nordeste. "Um candidato do Nordeste é simbólico para a campanha que nós desejamos", disse. Para Sérgio Guerra, a transferência para Alckmin do contingente de eleitores nordestinos que preferia a candidatura de Serra é uma questão de tempo. Ao comentar uma pesquisa do jornal "Diário de Pernambuco" que mostrou Lula com 63% das intenções de voto no Estado, ante 7% de Alckmin, Guerra disse que a dianteira é ilusória. " Lula não tem isto tudo, sobretudo em Pernambuco. Boa parte deste total é de eleitores de Serra que migraram para o único candidato que eles conhecem", disse. De acordo com Guerra, Alckmin conta no Nordeste com trunfos que Serra não tinha em 2002. "Existe agora maior harmonia entre os aliados e amplitude política. Forças políticas e sociais que não estavam conosco naquela eleição agora nos apóiam", disse. Há quatro anos, Serra não foi apoiado de forma efetiva pelo PSDB cearense e nem pelo PFL baiano, tendo desempenho eleitoral pífio nestes dois Estados. Alckmin deve ter estes apoios Para Guerra, a campanha presidencial deste ano poderá ser resolvida no primeiro turno, graças ao reduzido número de candidatos. O tucano previu que, além de Alckmin e Lula, devem se apresentar para a disputa apenas a senadora Heloísa Helena (P-SOL-AL) e o deputado Roberto Freire (PPS-PE). "Nada indica que o PMDB conseguirá se equacionar para ter um candidato concreto à Presidência. A tendência é que ele se divida a tal ponto de nem apoiar um outro candidato", disse.