Título: Tumulto entre militantes
Autor: Campos, Ana Maria; Abreu, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 01/09/2010, Cidads, p. 23

Desde o início do julgamento que confirmou a impugnação da candidatura de Joaquim Roriz, apoiadores e adversários do ex-governador trocaram empurrões e xingamentos em frente ao TSE

Pouco antes do horário previsto para o início do julgamento do registro da candidatura de Joaquim Roriz ao Palácio do Buriti, 300 pessoas se concentravam em frente ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A maioria, cerca de 200 pessoas, era de eleitores do ex-governador. Alguns integrantes da Juventude do Partido dos Trabalhadores (PT) protestavam contra Roriz. Os seguranças do tribunal tiveram de pedir aos apoiadores de Roriz que se afastassem da entrada do prédio. A princípio, o clima era de festa entre os eleitores, que gritavam palavras de apoio ao candidato do PSC. Pouco depois, os manifestantes trocaram empurrões e xingamentos.

Antes das 19h, houve um primeiro desentendimento entre os eleitores de Roriz e os integrantes do PT. Os petistas empunhavam bandeiras do partido e acabaram impedidos de se aproximar do TSE pelos rorizistas. A Polícia Militar precisou intervir para separar os grupos. Dois militantes, um de cada grupo, foram ameaçados de prisão por conta do princípio de confusão. Eles querem condenar Roriz por um coisa que aconteceu em 2007, quando ele se valeu de um direito que tinha. Ele renunciou porque nós precisávamos dele como governador, disse Karlon Rodrigues, 27 anos, que se apresentou como militante do PSC. Já o estudante Augusto Deuster Pontual, 22 anos, afirmou ter ido ao local para conferir se os ministros do TSE confirmariam a decisão do TRE-DF. Quando questionado sobre o baixo quorum de manifestantes contrários ao ex-governador, Augusto foi incisivo: O número é pequeno, mas a vontade é grande. Esse pessoal (os opositores) foi pago para estar aqui, nós não. Eles são militantes profissionais e nós acreditamos em uma causa, disse.

Faixa rasgada Quinze integrantes do Partido Socialismo e Liberdade (PSol) chegaram para engrossar o grupo contrário ao ex-governador por volta das 20h.Momentos após o primeiro conflito, um cabo eleitoral de Roriz passou entre o grupo adversário e rasgou uma faixa com os dizeres: STJ: eu quero ver os vídeos de Roriz. A PM, que no início da noite tinha 24 homense duas viaturas, precisou intervir novamente. Os seguranças do TSE tiveram de fazer um cordão para isolar o prédio. Por volta das 21h30, quatro viaturas e nove homens da Rotam passaram a reforçar o grupo, que totalizou 45 PMs ao fim da votação. Depois de muita resistência, aconselhados pela polícia, quase todos os petistas optaram por deixar o local, mas precisaram ser escoltados para evitar novos conflitos. Contrariados, eles disseram que a polícia deveria garantir o direito de manifestação.

Durante o intervalo do julgamento, dois carros chegaram ao estacionamento do tribunal trazendo lanches e refrigerantes para os apoiadores do ex-governador. Quando registravam a cena, fotógrafos foram alvo da fúria dos rorizistas, que atiraram alimentos e bebidas contra eles. Antônio Cunha, repórter fotográfico do Correio, escapou por pouco de ser agredido por um chute e por uma paulada desferidos por um apoiador de Roriz. A polícia precisou conter os manifestantes para impedir a violência.

Com a retomada da análise do recurso do ex-governador, que acabou confirmando a decisão do TRE, os rorizistas permaneceram em frente ao prédio aguardando o placar final. Inconformados, gritavam palavras de protesto contra os votos contrários. Logo em seguida ao fim do julgamento, os manifestantes deixaram o local. Ninguém foi preso.