Título: País espera não ter 'surpresa' em oferta consolidada
Autor: Zanatta, Mauro; Veloso,Tarso
Fonte: Valor Econômico, 03/08/2011, Agronegócios, p. B11

De Genebra

Após ter praticamente feito com a Rússia um acordo na área de carnes, no contexto da entrada de Moscou na Organização Mundial do Comércio (OMC), o Brasil aguarda a oferta consolidada que Moscou promete apresentar na segunda quinzena deste mês.

É que a Rússia negociou o tamanho e as condições das cotas de importação para carnes bovina, suína e de frango com o Brasil, mas também separadamente com outros grandes exportadores, e vai consolidar tudo, mantendo a expectativa de se tornar membro da OMC no final do ano. "O cenário é mais favorável após a última rodada de negociações, e esperamos que não haja surpresas nas próximas etapas", afirmou o embaixador brasileiro junto a OMC, Roberto Azevedo.

A última reunião bilateral dos dois países foi na sexta, em Genebra, um dia após o setor privado dar o sinal verde para o acordo em reunião com o governo, em Brasília, segundo o Valor apurou.

A cota global de importação de carne suína oferecida pela Rússia é de 400 mil toneladas e seu volume deve permanecer estável até 2020. A tarifa intra-cota é baixa, cerca de 15%, mas fora será de 70%. A expectativa é de o Brasil abocanhar grande parte da cota, diante de sua competitividade. Para carne bovina, a Rússia oferece cota de 410 mil toneladas para "outros", pela qual o Brasil também pode obter quase tudo. Além disso, haverá cota de 60 mil toneladas para os EUA compensando a perda deles em suínos. A tarifa dentro da cota será de 15%, mas fora ficará em 55%. No caso de frango, a cota global será de 250 mil toneladas, com tarifa de 25% e fora da cota será de 80%. Para peru, a cota será de 60 mil toneladas.

Maxim Medvedkov, principal negociador russo, espera que o país seja aceito como membro antes da conferência ministerial de dezembro. As condições para a entrada estão listadas em documento de mais de 600 páginas. Hoje, 43 de 46 capítulos estão completados. Na agricultura, falta acordo sobre os subsídios que Moscou quer manter para seus produtores.