Título: Varejo monta logística especial para vender ovos de Páscoa pela internet
Autor: Chris Martinez
Fonte: Valor Econômico, 07/04/2006, Empresas &, p. B6

Se você é um daqueles papais ou mamães que navegam pela internet em busca de boas compras, cuidado. Faça isso bem longe dos seus filhos. Do contrário, poderá ter que desviar a rota original e encher o carrinho virtual de ovos de chocolate. Marcas como Nestlé, Garoto, Lacta, Hershey e Bauducco, que têm lugar cativo nos corredores dos supermercados a cada Páscoa, agora querem chamar a atenção dos fregueses virtuais. O site de pesquisa de preços Bondfaro.com registrou um aumento de 713,1% na busca por ovos de chocolate entre a primeira e a última semana de março, período no qual os produtos começaram a ser expostos no varejo tradicional. No último ano, as vendas pela internet cresceram 43% em relação a 2004, segundo dados da eBit e da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico. Isso não quer dizer que a internet venda mais que os supermercados ou lojas de conveniência. Longe disso. Mas o fato chama atenção para um dado importante: o consumidor, que antes torcia o nariz para comprar ovos pela web - simplesmente por temer que o produto chegasse quebrado - está mudando de opinião. Os dois maiores sites de comércio eletrônico do país, Submarino e Americanas.com., que passaram a vender ovos de Páscoa, respectivamente, no ano passado e em 2004, desenvolveram embalagens especiais para transportar o produto. Tudo para garantir que o chocolate chegue intacto à casa do consumidor. O Submarino coloca os ovos em uma caixa de isopor com gelo seco, enquanto a Americanas.com mistura um gel congelado ao gelo seco e acomoda o produto numa caixa de papelão. Em geral, o transporte dá certo. Mas, algumas vezes, o gelo pode se misturar ao gel e derreter o gelo, molhando o papelão. O gelo, que serve para refrescar o produto - bastante sensível ao calor - também pode atrapalhar o resultado. Em contato com temperatura muito baixas, o chocolate pode ficar meio esbranquiçado, como se tivesse sido colocado no congelador. Para evitar problemas assim, o Pão de Açúcar Delivery, que já vende ovos de Páscoa há seis anos, desenvolveu uma embalagem própria, de papelão, e optou por transportar o produto em um caminhão levemente refrigerado. "Nem tão pouco que derreta o chocolate, mas não tão frio que congele ou deixe o produto esbranquiçado", diz Alexandre Lima, gerente de comércio eletrônico do grupo. A sofisticação da logística, que torna a operação de venda um pouco mais cara, pode ter intimidado as varejistas virtuais a entrar com mais força na venda de ovos de chocolate. Até porque, não é sempre que os sites de comércio eletrônico cobram pela entrega. As taxas variam entre R$ 8,00 e R$ 12, dependendo da empresa. "Às vezes temos que optar por ganhar menos para prestar um serviço ao cliente", afirma Lima. Ele diz que até 2003, quando ainda não tinha desenvolvido a embalagem própria, as reclamações eram freqüentes. Submarino e Americanas.com., procurados pelo Valor, não quiseram se pronunciar. De seu lado, a indústria tem todo o interesse em fortalecer as vendas para varejistas virtuais. "É um ótimo canal de venda e o internauta tem maior poder aquisitivo", diz Isabel Masagão, gerente de marketing da Hershey. Para José Ricardo Cicone, gerente da Garoto, ainda não houve um grande "boom" de vendas de ovo pela internet somente porque a logística tem um custo grande para o varejista. "O impacto ainda é muito pequeno, porque a compra de produtos relacionados à Páscoa acontece por impulso no ponto-de-venda", observa Claudio Fontes, diretor comercial da Bauducco. No caso do Amor aos Pedaços, as vendas pela internet já respondem por 10% do volume de produção. "O público ainda é pequeno, mas depois que compra se torna fiel", diz Ana Maura Werner, gerente de marketing da rede, com 39 lojas.