Título: Greenpeace volta a criticar multinacionais
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 07/04/2006, Agronegócios, p. B13
O Greenpeace Internacional publicou ontem (dia 6) um estudo sobre o avanço do cultivo ilegal de soja na Amazônia e o destino dessa produção na Europa. Segundo o relatório - "Comendo a Amazônia" -, a principal fomentadora da abertura de fronteiras agrícolas em área amazônica é a multinacional Cargill. Segundo o estudo, a empresa tem 17 silos na região e opera um porto construído ilegalmente. De acordo com Paulo Adário, coordenador da campanha da Amazônia do Greenpeace do Brasil, ADM, Bunge e Cargill também "patrocinam" a produção de soja em fazendas que usam trabalho escravo e abrem fronteiras em áreas indígenas ou públicas, além de efetuarem obras de infra-estrutura ilegais. As empresas negam. Em comunicado, a Cargill informou que trabalha diretamente com os fornecedores para minimizar os impactos negativos da cultura, "bem como maximizar os benefícios para as famílias da região". Adalgiso Telles, diretor corporativo da Bunge, afirmou que a empresa, com sede em Nova York, mantém uma postura rigorosa em relação à legislação trabalhista com seus fornecedores. Mesmo garantindo que as acusações não procedem, a Bunge prometeu checá-las. A ADM informou, por meio da assessoria, que ainda não havia tido contato com o relatório. Adário também relaciona a soja produzida nesse contexto às redes de fast food européias. De acordo com o estudo do Greenpeace, a trajetória da soja rumo à UE tem início com a saída pelo porto graneleiro da Cargill, às margens do rio Tapajós, em Santarém, com destino ao terminal da empresa em Liverpool, na Inglaterra. Lá, sempre de acordo com a ONG, a Sun Valley - empresa de alimentos de propriedade da Cargill e principal fornecedora de carne de frango das lanchonetes do McDonalds no mercado europeu -, utiliza o produto como ração animal. Para Paulo Adário, as três empresas devem parar de comprar soja do bioma Amazônia.