Título: Pacote anunciado custará R$ 1,3 bilhão ao Tesouro
Autor: Mauro Zanatta
Fonte: Valor Econômico, 07/04/2006, Agronegócios, p. B14

Negociados por quase um mês nos bastidores do governo, os R$ 9 bilhões do pacote de socorro anunciado ontem (dia 6) servirão para prorrogar R$ 7,2 bilhões em dívidas dos programas de investimento vencidas neste ano para o fim dos contratos, renegociar R$ 530 milhões em débitos de custeio já rolados na safra 2004/05 pelo Banco do Brasil e injetar R$ 1,24 bilhão de recursos extras para enxugar o mercado e sustentar os preços durante a comercialização da atual safra (2005/06), iniciada em março. Serão R$ 740 milhões neste mês e R$ 500 milhões em maio. As medidas, que passarão pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) na próxima semana, custarão R$ 1,28 bilhão ao Tesouro em 2006. Os cofres públicos já carregam um custo anual de R$ 2,8 bilhões das sucessivas renegociações das dívidas rurais a partir de 1995. Para dar fôlego extra aos produtores de algodão, arroz, milho, soja, sorgo e trigo, que têm enfrentado dificuldades de comercialização e preços baixos, o governo também deu sinal verde para a renegociação de parte dos R$ 26 bilhões em empréstimos de custeio da atual safra, independentemente da fonte de financiamento. "Mas isso será feito caso a caso, conforme a situação financeira de cada um", disse o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, durante anúncio no Palácio do Planalto. O pacote agrícola também incluiu a reformulação da linha de crédito FAT Giro Rural, criada em junho de 2005 para refinanciar dívidas dos produtores com fornecedores privados. As mudanças permitirão usar o caixa de R$ 2,18 bilhões para financiar a liquidação de Cédulas de Produto Rural (CPRs) em até dois anos. A medida reduzirá os juros de até 30% para 14% ou 15% ao ano, o que deve auxiliar sobretudo aos produtores de soja de Mato Grosso e Goiás. O Banco do Brasil admite ter R$ 500 milhões em CPRs com dificuldades de pagamento. No mercado, estima-se uma carteira de até R$ 1 bilhão. Até agora, foram emprestados apenas R$ 820 milhões do FAT Giro Rural porque as agroindústrias precisam pagar parte dos juros e avalizar as operações nos bancos. Também deve ser aprovado o financiamento direto aos produtores. A linha foi estendida até 31 de dezembro. As mudanças serão avaliadas pelo Conselho Deliberativo do FAT (Codefat) em reunião prevista para 10 de abril. As medidas também permitirão a desvinculação dos limites de crédito de custeio e de comercialização, o que pode até dobrar o volume de recursos contratadas pelos produtores. Foi aprovada, ainda, a elevação dos limites para produtores de algodão, arroz, milho, soja, sorgo e trigo. (MZ)