Título: Brasil está próximo da chamada 'doença holandesa', diz Barbassa
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Fonte: Valor Econômico, 22/08/2011, Investimento, p. D4

Uma das ferramentas da Petrobras para aumentar a musculatura de seus fornecedores cumprindo a orientação do governo para comprar equipamentos no Brasil é o programa Progredir.

O objetivo foi o de ajudar fornecedores a aumentar o acesso e reduzir taxas cobradas para capital de giro e que pode alcançar até o quarto elo da cadeia de suprimentos. Até o momento a Petrobras contabiliza 39 financiamentos de bancos para seus fornecedores em operações que somam R$ 281,8 milhões.

A fornecedora Equipex-Semon conseguiu reduzir as taxas de captação entre 30% e 40%. "Acreditamos que o programa Progredir veio ao encontro de umas das principais necessidades da cadeia de fornecedores da Petrobras", afirma Emerson Carvalho, diretor financeiro da Equipex. "Esses fornecedores, que até então tinham um ativo de grande valor e potencial para alavancagem de recursos financeiros no mercado, que são os contratos com a Petrobras, não podiam se beneficiar deles. O programa fecha esta lacuna de maneira eficaz."

Enquanto ajuda fornecedores e facilita o trabalho dos bancos, a Petrobras quer melhorar o uso de seu capital de giro reduzindo a necessidade de pagar adiantamentos. E o volume envolvido é imenso: são US$ 7 bilhões que ela pretende desmobilizar e que estão hoje depositados na forma de garantias, adiantamentos para fornecedores, recebíveis e outros instrumentos financeiros.

Outros US$ 6,6 bilhões deverão vir da venda de ativos, notadamente da área internacional, já que, segundo explicou o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, os ativos da área terão um peso maior por terem participação menor no conjunto de ativos da Petrobras.

"O programa Progredir visa o fornecedor do fornecedor também. Quando se busca o conteúdo local - e no caso do Brasil quando estamos numa situação muito próxima do que poderíamos chamar de "doença holandesa" -, o efeito cambial prejudica a competitividade de toda a indústria nacional", diz. "Há que se buscar formas que permitam aumentar a competitividade do produtor, sendo que reduzir custos financeiros é, sem dúvidas, uma delas", acrescenta Barbassa, referindo-se ao fenômeno pelo qual as receitas obtidas com commodities alavancam o câmbio, com impacto sobre a produção local.

O executivo acha que o Brasil não está longe de ser contaminado pela "doença holandesa", lembrando que esse é um dos motivos pelos quais o governo está lançando a nova política industrial visando estimular a indústria nacional. "O governo anunciou as linhas gerais e agora trabalhando na regulamentação específica." (CS)