Título: Indústria de SP bate recorde em março
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 28/04/2006, Brasil, p. A3

A indústria paulista cresceu pelo quinto mês consecutivo em março. Dessa vez, o Indicador do Nível de Atividade (INA) subiu 1,1% em relação a fevereiro e atingiu o maior nível da série histórica que começa em 2001, na comparação que já retira os efeitos sazonais do mês. No acumulado do trimestre, o indicador mostra uma alta de 8,6% sobre igual período de 2005.

O destaque foi a indústria de máquinas e equipamentos, que cresceu mais de 4% pelo segundo mês consecutivo, depois de cair 8,3% em janeiro, indicando investimentos no setor produtivo. A indústria de alimentos também veio bem: alta de 1,3% em março, com ajuste sazonal.

Para a economista da Tendências Consultoriaempresa>, Marcela Prada, o número é bastante positivo. Mas junto com outros indicadores antecedentes da atividade industrial brasileira em março, faz com que ela espere estabilidade na produção este mês em relação a fevereiro. Contudo, na comparação com o mesmo mês de 2005, a produção industrial medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deverá crescer 5,8%.

"Cada indicador antecedente está caminhando para um lado. Nos últimos meses tem sido assim, muita volatilidade na indústria", comenta. Em fevereiro, a produção cresceu 1,2%. Porém, havia caído na mesma magnitude em janeiro, após crescer 2,5% no último mês de 2005.

Além do INA, que é calculado em parceria pela Federação e pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp), Marcela avalia também outros cinco indicadores que servem como termômetro da indústria. A produção de veículos cresceu 5,4%. A arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) avançou 2,8% em março. No entanto, o consumo de energia ficou estável, enquanto o fluxo de veículos pesados nas estradas e a expedição de papel ondulado (que é usado como embalagem de produtos) caíram ambos 1%.

Apesar da previsão de Marcela ser de crescimento zero em março, ela ressalta que no fim do primeiro trimestre, a indústria chegará ao nível de dezembro, quando a atividade estava aquecida. Além disso, a média do aumento da produção nos três primeiros meses deste ano deve crescer 1,5% em relação à média do quarto trimestre do ano passado. "Isso mostra que, na margem, a indústria vai bem", diz.

O levantamento de conjuntura da Fiesp e do Ciesp também apontou aumento em todos os itens pesquisados. As vendas reais da indústria cresceram 20% entre março e fevereiro, na comparação sem ajuste sazonal. Com isso, elas acumulam uma alta de 22,6% no primeiro trimestre. O total de horas pagas também mostrou incremento de 6,3% no mês e de 5,1% no ano.

Para o diretor de economia do Ciesp, Antonio Corrêa de Lacerda, o bom desempenho de março é justificado também pela fraca base de comparação, uma vez que a indústria não foi bem no início de 2005. Por isso, o INA poderá apresentar crescimentos mais modestos ao longo do segundo trimestre. Ainda assim, Paulo Francini, o diretor do departamento econômico da Fiesp, afirma que a indústria paulista tomou o rumo da recuperação e deve fechar o ano com avanço entre 5,5% e 6%.