Título: Nova negociadora comercial dos EUA se reúne pela primeira vez com o G-20
Autor: Assis Moreira
Fonte: Valor Econômico, 28/04/2006, Brasil, p. A5

A futura negociadora comercial chefe dos Estados Unidos, Susan Schwab, deve se reunir pela primeira vez com o G-20, o grupo liderado pelo Brasil, na terça-feira, em Genebra. O governo americano quer enfatizar o interesse em concluir em dezembro a rodada para liberalizar o comércio global. AP Photo/Kin Cheung Susan Schwab, futura negociadora comercial dos Estados Unidos: interesse em concluir Rodada Doha até dezembro

O até então chefe negociador americano, Rob Portman, estará também na reunião que, na prática, apresenta Schwab ao G-20. Antes, o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, vai dirigir uma reunião do grupo, para mantê-lo pronto a intensificar as negociações.

Amorim chega hoje a Genebra, e participa, na segunda e terça-feira, de discussões bilaterais com outros ministros que estarão na cidade. O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, não pretende, porém, fazer reunião com ministros, porque a maioria dos países-membros desaconselha esse tipo de iniciativa no momento, quando não há acordo sobre nada.

Na nova rodada de intensas discussões sobre agricultura e produtos industriais, fixado para durar seis semanas, alguns países estão endurecendo suas posições em questões centrais. O G-33, grupo que conta com Índia, China, Indonésia, Nigéria, Filipinas e Paquistão, quer ter o direito de impor salvaguarda e sobretaxas, se o volume de importação de um produto agrícola aumentar mais de 5%, ou se o preço declinar quando comparado com uma média de preço de três anos anteriores.

A questão é que Índia, China e Indonésia são também membros do G-20, que quer liberalização agrícola. Só que dentro desse grupo não houve ainda negociação sobre o tratamento que será dado aos chamados "produtos especiais" dos países em desenvolvimento, que continuarão tendo tarifa mais alta e salvaguarda para frear importações.

A expectativa é que, se o G-20 se entender sobre esse tema, já estará levando a quase um acordo no resto da OMC. O Brasil busca posição intermediária nessa e em outras questões. Segundo embaixadores, o G-20 "está unido". Segundo negociadores, também os EUA endureceram a posição sobre os produtos que serão designados como sensíveis - aqueles que continuarão tendo altas alíquotas.