Título: Real valorizado favorece importações
Autor: Laguna , Eduardo
Fonte: Valor Econômico, 02/08/2011, Empresas, p. B1

Os importadores brasileiros de máquinas estão aproveitando o ambiente de real valorizado e a demanda em crescimento para expandir seus negócios. O grupo Êxito, que importa equipamentos da XCMG no Nordeste, está investindo para montar máquinas da marca chinesa no complexo industrial de Suape (PE).

Segundo o presidente da Êxito, José Lacy, os trabalhos de terraplenagem tiveram início em janeiro e a expectativa da empresa é que a fábrica esteja em operação entre agosto e setembro do próximo ano. Serão fabricados em regime de CKD produtos como retroescavadeiras e carregadeiras da XCMG.

"Algumas empresas querem se perpetuar [no mercado brasileiro] e não apenas aproveitar o boom do dólar baixo", afirma Lacy.

O grupo Megga, que passou a atuar na importação de máquinas da chinesa Lonking em dezembro de 2009, está expandindo sua rede de atuação e prepara para até o fim do ano as aberturas de mais duas filiais: em Curitiba (PR) e Belo Horizonte (MG).

Thomas Lee, presidente da Megga, diz que a importação de máquinas provavelmente se tornará o principal negócio do grupo a partir de 2012.

"O governo decidiu prestar atenção à infraestrutura e há muitos projetos atrasados. Apesar disso, a capacidade atual [da indústria brasileira] não é suficiente para atender à demanda e, por isso, existe a necessidade de importar", avalia Lee.

Apesar do otimismo de alguns empresários do setor sobre o futuro da economia do país, o conservadorismo dos investimentos nos primeiros momentos do governo Dilma Rousseff retrata maior cautela nesse momento.

Eurimilson Daniel, vice-presidente da Sobratema, afirma que as expectativas que apontam para um crescimento de mais de 10% no mercado nacional dos principais equipamentos de construção neste ano poderão não ser cumpridas.

"Nesse setor, a participação do governo é muito importante", diz Daniel. Para ele, o cenário não tem sido positivo para os fabricantes nacionais, ante a crescente entrada de produtos importados.

As atuais estimativas da Sobratema apontam para vendas de 77,82 mil equipamentos de construção neste ano, 10,3% acima do volume de 2010. Apenas na linha amarela, a expectativa é de um crescimento de 9,7%, totalizando 27,35 mil máquinas.