Título: Barril custará US$ 8,51 à Petrobras
Autor: Batista, Vera; Caprioli, Gabriel
Fonte: Correio Braziliense, 02/09/2010, Economia, p. 18

União trocará petróleo por ações da estatal no valor de US$ 42,5 bilhões

O governo e a Petrobras definiram em US$ 8,51 o preço médio do barril de petróleo das reservas da União que serão trocadas por ações da estatal dentro do plano de capitalização da empresa. O valor total dessa operação, chamada de cessão onerosa, será de US$ 42,533 bilhões (R$ 74,807 bilhões) e envolve o direito de a Petrobras explorar seis campos de petróleo e mais um de reserva para a retirada de 5 bilhões de barris. Em troca, a União receberá ações da estatal no processo de aumento de capital e deverá ampliar a participação na estatal. As informações foram dadas ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.

De acordo com o ministro, os valores resultam da análise feita pelo governo com base nos dois laudos técnicos preparados pelas certificadoras contratadas pela Petrobras e pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). Cada um dos sete campos tem um valor diferente para o barril, que variam entre US$ 5,82 e US$ 9,04. O maior campo, o de Franco, deve fornecer sozinho 3,1 bilhões de barris. Essa também é a área com o mais alto valor médio para o barril de óleo bruto (US$ 10,22).

Mantega assegurou que o cronograma de capitalização está mantido, garantindo que a venda das ações será feita em 30 de setembro. O aviso ao mercado com as condições da operação deverá ser divulgado na próxima sexta-feira, 3. É uma operação mais segura que a concessão comum. Existe segurança geológica, porque só serão explorados 5 bilhões de barris. Existe segurança econômica e política. Não existe risco. É uma venda de barris sui generis, afirmou o ministro.

Nacionalização O acordo firmado entre a União e a Petrobras exige percentual mínimo de 37% de insumos e equipamentos brasileiros na fase exploratória. Mantega afirmou que essa exigência deve estimular a indústria nacional. Nessa fase, (o nível de nacionalização) é mais baixo porque não desenvolvemos toda a tecnologia de sondas, por exemplo, justificou. Já na etapa de implantação de projetos (momento em que a empresa vai efetivamente retirar os produtos dos campos), o percentual mínimo de nacionalização exigido é de 55% e o médio é de 65%. Há uma política industrial envolvida, que é uma forma de evitar a doença holandesa (importação de produtos, serviços e mão de obra que leve ao sucateamento da indústria nacional), garantiu ele.

O ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, lembrou que as características do contrato preveem a revisão de pontos do acordo, conforme avançar o processo de exploração. O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse que, seguindo normas da Comissão de Valores Mobiliários, amanhã será publicado um comunicado ao mercado com os detalhes do processo de capitalização.

"É uma operação mais segura que a concessão comum. Existe segurança geológica, porque só serão explorados 5 bilhões de barris. Existe segurança econômica e política. Não existe risco. É uma venda de barris sui generis

Guido Mantega, ministro da Fazenda