Título: Natal faz saldo cair 20%
Autor: Mainenti, Mariana
Fonte: Correio Braziliense, 02/09/2010, Economia, p. 22

Importações de bens de consumo para o fim de ano derrubam superavit comercial para US$ 2,4 bi

A balança comercial brasileira acumulou superavit de US$ 11,7 bilhões de janeiro a agosto de 2010. Esse resultado foi 41% menor do que o verificado no mesmo período do ano anterior. A corrente de comércio com os países parceiros, no entanto, cresceu 36,7%, na mesma comparação, atingindo US$ 240,5 bilhões, segundo dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento.

Em agosto, especificamente, a balança contabilizou saldo positivo de US$ 2,4 bilhões, com queda de 20% sobre igual mês de 2009. As exportações chegaram a US$ 19,2 bilhões, só perdendo para setembro de 2008, com US$ 20 bilhões. As importações, por sua vez, atingiram US$ 16,7 bilhões e só não superaram o mês de outubro de 2008, quando ficaram em US$ 17,2 bilhões.

Nas importações do mês passado, chamou a atenção o grande volume de máquinas e de produtos que compõem a cesta de Natal. O aumento das importações de bens de capital mostra que a indústria continua aquecida. E a cesta de Natal dos brasileiros deverá ter uma variedade maior de componentes importados, disse o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral.

Em relação a agosto de 2009, as compras no exterior aumentaram 48,6%, sendo que as importações de bens de capital apontaram alta de 71,6%; as de combustíveis e lubrificantes, 62,9%; as de bens de consumo, 54,3%; e as de matérias-primas, 33,7%. Entre os bens de consumo mais importados estão eletrodomésticos, móveis, vestuário, automóveis, bebidas e produtos alimentícios.

Do lado das exportações, os embarques de produtos básicos como minério de ferro, milho, carne bovina, café e carne de frango levaram a um crescimento de 32,7% na comparação agosto deste ano com o mesmo mês do ano passado.

Bolsa sobe quase 3%

Depois de um péssimo desempenho em agosto, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) conseguiu recuperar as forças e fechou o primeiro dia de setembro com expressiva valorização de 2,96%, nos 67.072 pontos, a máxima do pregão. Tal desempenho acompanhou os mercados norte-americano e europeu, que se apoiaram nos dados favoráveis de atividade divulgados na China e nos Estados Unidos. A quarta-feira foi tão promissora que apenas cinco ações que compõem o Ibovespa, o principal termômetro da bolsa paulista, encerraram as negociações em baixa.

Segundo os operadores, os investidores estrangeiros(1) foram os principais responsáveis pela compra de ações. Tanto que o volume financeiro atingiu R$ 7,4 bilhões, ficando bem acima da média dos últimos pregões. As boas notícias chegaram logo cedo, com os sinais de recuperação da produção industrial chinesa. Havia o temor de uma desaceleração mais forte da economia daquele país neste segundo semestre, disse um analista. Ele ressaltou que o índice que mede o desempenho da indústria na China subiu para 51,7 pontos em agosto, ante os 51,2 em julho, a primeira alta depois de três meses seguidos de baixa. A Bolsa de Nova York computou alta de 2,54%.

1 - Dólar rompe piso de R$ 1,75 Apesar das compras realizadas pelo Banco Central e das saídas líquidas de US$ 601 milhões do país em agosto (até o dia 27), os preços do dólar não resistiram e romperam, no primeiro dia de setembro, o piso informal de R$ 1,75. A moeda norte-americana encerrou as negociações a R$ 1,747 para venda, o menor valor desde 3 de maio, quando estava cotada a R$ 1,730. A queda no dia foi de 0,51%.