Título: China diz à OMC que vai aumentar importações
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Fonte: Valor Econômico, 20/04/2006, Brasil, p. A5

A China quer aumentar importações para equilibrar a balança comercial com os parceiros, e encorajará empresários chineses a investirem no exterior, principalmente nos países em desenvolvimento. A mensagem foi dada pelo vice-ministro de comércio, Yi Xiaozhun, no primeiro exame da política comercial da China pela Organização Mundial do Comércio (OMC).

Vários parceiros insistiram para Pequim assumir uma "responsabilidade substancial" na liberalização global. Os Estados Unidos foram especialmente incisivos, destacando que a China vem se beneficiando enormemente de sua entrada na OMC, com as exportações representando hoje 40% do PIB, e que está na hora de contribuir mais para o equilíbrio da economia mundial. Em outro tom, o Brasil, que exportou US$ 6,8 bilhões para a China no ano passado, destacou positivamente reformas já feitas por Pequim, mas alertou que os chineses "têm mais trabalho à frente".

Num discurso de 16 páginas, o vice-ministro chinês argumentou que a China é um dos mercados que se abrem mais rapidamente no mundo. As vendas de bens de consumo e de capital mais que dobraram em quatro anos, passando de US$ 1,1 trilhão, em 2001, para US$ 2,6 trilhões no ano passado. Nesse período, a China importou quase US$ 2,2 trilhões, com crescimento anual de 28% nas importações.

Ao mesmo tempo, a China diz ter exportado "produtos de qualidade por preço muito bom", que tiveram "um papel positivo na manutenção das baixas taxas de inflação nos países importadores". Também deixou claro quem ganha muito: as 280 mil empresas estrangeiras instaladas no país, que exportaram US$ 440 bilhões no ano passado, 58% do total exportado pelo país.

Sob pressão principalmente dos EUA, que tem déficit de mais de US$ 200 bilhões no comércio bilateral, Pequim indicou que sua política é de equilibrar o comércio e está pronto a trabalhar com os parceiros nessa direção. Além disso, a decisão estratégica é expandir a demanda doméstica, de forma que o consumo terá um papel mais importante no crescimento econômico. Os objetivos para os próximos cinco anos são: manter crescimento médio de 7,5% anual, e reduzir consumo de energia (20%) e dos principais poluentes (10%). Também vai continuar subvencionado a agricultura para fazer reforma na zona rural.

Destacou que a flexibilização no controle do câmbio estimulará investimentos chineses, principalmente nos países em desenvolvimento. Em 2005, os investimentos foram de US$ 6,9 bilhões, dos quais 67,2% foram destinados à Ásia e África, que analistas identificam na busca de matérias-primas. Para os próximos três anos, Pequim fornecerá US$ 10 bilhões de empréstimos a taxas preferenciais para nações em desenvolvimento.(AM)