Título: PMDB e PR perdem cargos em Furnas
Autor: Klein, Cristian
Fonte: Valor Econômico, 23/08/2011, Política, p. A7

Depois da queda de dois de seus ministros nos últimos dois meses, por causa de escândalos nas Pastas da Agricultura e dos Transportes, o PMDB e o PR perderam ontem três cargos importantes no governo federal, com mudanças aprovadas pelo conselho de administração de Furnas.

Indicados pelo PMDB, os diretores financeiro, Luiz Henrique Hamann, e de Construção, Márcio Antônio Arantes Porto, serão substituídos, assim como o diretor de Engenharia, Mario Márcio Rogar, apadrinhado pelo PR.

Alterações na diretoria de Furnas haviam sido anunciadas pela presidente Dilma Rousseff desde fevereiro, quando ela nomeou Flávio Decat para a presidência da estatal. Reportagem publicada há um mês pelo Valor mostrou que a situação no primeiro e no segundo escalões da empresa continuava a mesma e até o ex-presidente, Carlos Nadalutti, permanecia como assessor do atual.

As mudanças ocorrem justamente num momento de enfraquecimento dos partidos envolvidos em escândalos de corrupção. A diretoria financeira de Furnas era uma indicação do senador Romero Jucá (RR), que ficou mal perante os próprios colegas do PMDB depois que seu irmão, Oscar Jucá, lançou acusações que abasteceram o escândalo que culminou com a demissão do ministro Wagner Rossi da Agricultura. A diretoria de Construção estava na cota do presidente em exercício do partido, o também senador Valdir Raupp (RO).

No lugar das indicações políticas, entram nomes técnicos, como era a orientação da presidente Dilma ao pôr Decat na presidência da estatal. A diretoria de finanças será comandada por Nilmar Foletto, funcionário de carreira de Furnas, que já atuou na Eletronuclear e atualmente estava na Light.

As cobiçadas diretorias de Engenharia e Construção foram reunidas numa só, como eram até 2005, e receberam o nome de diretoria de Expansão, que terá como titular o ex-diretor técnico executivo de Itaipu, Márcio Abreu.

Funções da área de engenharia, porém, foram transferidas para uma nova diretoria a ser criada, a de Planejamento, Gestão de Negócios e Participações. Ela terá à frente Olga Simbalista, ex-funcionária da Eletrobras. O setor ficará responsável pelo acompanhamento de novos negócios e parcerias da companhia, comercialização de energia elétrica, estudos de mercado, pesquisas e desenvolvimento tecnológico.

Para um ex-diretor da estatal, que elogiou a escolha dos nomes, as mudanças facilitarão o trabalho de Decat, que estaria isolado, diante de uma "aliança" de diretores indicados por partidos.