Título: Justiça afasta Bottini da presidência da companhia
Autor: Carolina Mandl
Fonte: Valor Econômico, 20/04/2006, Empresas, p. A6

Na tentativa de acelerar o processo de constituição dos Fundos de Investimentos em Participações (FIPs), o juiz da 8 Vara Empresarial do Rio de Janeiro, Luiz Roberto Ayoub, deferiu pedido dos credores da Varig no sentido de antecipar a nomeação do banco Brascan como gestor do FIP-Controle e da consultoria Alvarez & Marsal como administradora da aérea. Com a decisão, Marcelo Bottini, que hoje acumula as funções de presidente e gestor interino do processo, seria afastado do dia-a-dia da empresa.

Em seu parecer, Ayoub deixou claro que o afastamento da atual diretoria não seria resultado de atos ou erros de conduta, como por exemplo, a descapitalização da empresa injustificadamente, e sim uma "medida para agilizar o cumprimento do plano de recuperação". O juiz ressaltou que a troca do gestor interino já constava do plano inicial da companhia. Procurado pelo Valor, Bottini não foi encontrado para comentar a decisão da Justiça.

Caberá a Alvarez & Marsal indicar os novos membros do conselho de administração e da diretoria da Varig. Mas os nomes ainda passarão pelo crivo do Brascan, futuro gestor do FIP. O FIP funcionará como novo núcleo de controle e gestão da Varig. "Essa decisão do juiz dá um choque de credibilidade e de gestão profissionalizada na Varig", resumiu uma fonte.

O Valor apurou que, com o afastamento de Marcelo Bottini, o executivo mais cotado para assumir a gestão da empresa seria Marcelo Gomes, diretor da Alvarez & Marsal, que tem acompanhado de perto o processo de recuperação da companhia. A firma americana tem experiência na reestruturação de grandes empresas e já participou dos processos da US Airways e da Aeromexico.

Ontem, o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, afirmou que o órgão não rejeitou a venda da ex-subsidiária da Varig, VarigLog, para a Volo do Brasil. Ele explicou que a agência vetou temporariamente a operação porque a Volo não entregou uma certidão da Justiça Federal referente a débitos com o INSS. A Anac deu um prazo de 15 dias para a apresentação dos documentos. A assessoria de imprensa da Volo informou, no entanto, que os papéis já estão prontos e serão entregues à direção da agência nas próximas 48 horas.

Zuanazzi afirmou ainda que a Volo, que tem como sócios o fundo de investimentos americano MatlinPatterson e os brasileiros Marco Antonio Audi, Marcos Haftel e Luiz Eduardo Gallo, possui capital nacional, ou seja, não excede o limite de capital externo permitido pelo governo para operar no mercado de aviação brasileiro. O Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea) havia entrado com reclamação na Anac sobre a compra, alegando que o consórcio era formado por capital estrangeiro e excedia o limite de 20% previsto pela legislação.

O veto da agência poderia jogar um balde de água fria nas negociações da ex-subsidiária com a Varig. A VarigLog ofereceu uma proposta de compra pela Varig de US$ 400 milhões que ainda precisa ser analisada pelos credores em assembléia marcada para 2 de maio.

No caso de uma eventual paralisação da Varig, as companhias aéreas integrantes da Star Alliance já elaboraram planos de contingência. A informação, divulgada pelo "Jornal de Negócios" de Portugal, tem como fontes o presidente da TAP e ex-presidente da Varig, Fernando Pinto, e também o chefe-executivo da Star Alliance, Jaan Albrecht. A Star Alliance é uma associação comercial de 18 empresas aéreas que facilita conexões e o compartilhamento de vôos entre essas parceiras.(Com Folhapress, de São Paulo)