Título: Ações da Varig atraem investidores audaciosos
Autor: Carolina Mandl
Fonte: Valor Econômico, 20/04/2006, Empresas, p. A6

Em meio a uma complicada recuperação judicial, há quem tema hoje comprar uma passagem da Varig. No entanto, existem investidores dispostos a embarcar no turbulento desempenho dos papéis da companhia aérea na bolsa de valores.

Desde o início de abril, mesmo diante de um cenário que em nada se parece com um céu de brigadeiro, a ação da Varig - tradicionalmente de baixa negociação - começou a ser comprada e vendida num ritmo bem mais intenso.

Em sete dias, os papéis da empresa subiram cerca de 55%, superando o desempenho das concorrentes Gol e TAM - altas de 4,6% e 10,8%, respectivamente.

Esse desempenho poderia despertar o interesse de um investidor mais desavisado. No entanto, analistas ouvidos pelo Valor avaliam que essa não é uma aplicação para qualquer tipo de investidor. "É risco puro, para quem gosta de fazer uma fezinha", afirma Marcus Eduardo de Rosa, diretor comercial da corretora Planner. Rosa diz que a ação da Varig tem sido recomendada pela corretora para um perfil de investidor mais sofisticado, familiarizado com o risco.

Segundo Carlos Albano, analista de aviação do Unibanco, as pessoas que compram hoje os papéis da Varig consideram que, se ela voltar a uma situação de normalidade, as ações irão se valorizar. "É um investimento que pode virar pó ou ouro, que eu só indico para quem anda de montanha-russa sem cinto de segurança", diz.

O que está em jogo ao se comprar um papel da Varig é a capacidade de a empresa se recuperar judicialmente, evitando a falência. Caso ela pare de funcionar, o investidor perde toda sua aplicação.

"Pode-se olhar também um ganho rápido, entre o sobe-e-desce do papel", afirma Wagner Salaverry, sócio da corretora Geração. Mas na hora de sair desse investimento também se pode encontrar dificuldade, já que a ação tem baixa liquidez.

O controle da companhia aérea é da Fundação Rubem Berta. Mas outros investidores institucionais têm uma participação relevante na companhia aérea. É o caso da Interunion Capitalização, uma instituição em liquidação com 7,9% da Varig.

Outro investidor relevante, segundo a base de dados da Thomson Financial, é o Opportunity Asset Management, com 5,6% do capital. Dório Ferman, gestor do Opportunity, diz que não está avaliando a venda dos papéis. "Compramos o papel faz muito tempo. Nem consigo me lembrar. Como ele representa apenas 0,03% dos nossos ativos, achamos que não vale a pena analisar se é o caso de vender ou não", diz Ferman. "Nem sempre acertamos na avaliação de um investimento. Esse foi um de nosso erros", diz.