Título: Índice do Banco Central aponta desaquecimento
Autor: Izaguirre, Mônica
Fonte: Valor Econômico, 18/08/2011, Brasil, p. A4

O IBC-BR, índice criado e adotado pelo Banco Central como indicador antecedente do comportamento do Produto Interno Bruto (PIB), apontou, em junho, queda de 0,26% no nível mensal de atividade econômica do país, quando considerados ajustes sazonais. Foi a primeira vez em dois anos e meio que isso aconteceu, pois a última queda do índice, até então, era a de dezembro de 2008, quando o crescimento econômico brasileiro ainda sofria pesadamente os efeitos da crise mundial de liquidez.

O dado, segundo fontes do BC, reforçou a convicção dos membros do Comitê de Política Monetária (Copom) de que a inflação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) "convergirá para o centro da meta (4,5%) já em 2012".

Com o resultado de junho, a expansão de atividade medida pelo IBC-BR dessazonalizado foi de apenas 0,7% no segundo trimestre de 2011, ante o trimestre imediatamente anterior. Isso representa forte desaceleração comparativamente ao que ocorreu no primeiro trimestre do ano sobre o último de 2010, olhando-se tanto para o IBC- BR quanto para o dado de PIB calculado pelo IBGE, destaca o economista José Francisco Gonçalves, do Banco Fator. O IBGE apurou crescimento de 1,3% no período de janeiro-março sobre o período outubro dezembro. Pelo IBC-BR, a economia cresceu 1,1% na mesma comparação.

"A não ser que os economistas reestimem o PIB potencial do Brasil para menos de 1% ao trimestre, o IBC-BR de junho deve ser visto como um sinal de que a economia brasileira está desaquecendo de modo importante, crescendo abaixo do potencial", diz ele, ressaltando a proximidade do índice do BC ao do IBGE.

Gonçalves lembra que crescer abaixo do PIB potencial é "tirar pressão da inflação", pois significa que o país tem capacidade de produção para acomodar aumentos de demanda por bens e serviços.