Título: Bush não descarta um ataque ao Irã
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Fonte: Valor Econômico, 19/04/2006, Internacional, p. A11

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse já ter colocado "todas as opções sobre a mesa", ao comentar a exigência de que o Irã abandone seu programa nuclear. Bush afirmou que está trabalhando para "resolver a questão diplomaticamente", mas deixou em aberto a possibilidade de uma ação militar para paralisar o programa nuclear iraniano. Segundo os americanos, ele teria como objetivo desenvolver armas, mas os iranianos dizem ter fim pacífico.

Bush prometeu tratar pessoalmente da crise quando se encontrar com o presidente chinês, Hu Jintao. Hu chega a Washington amanhã para sua primeira visita oficial como chefe de Estado.

Os chineses, assim como o governo russo, são contra o uso da força e até mesmo contra sanções. "Esperamos que todos mantenham a moderação e a flexibilidade", disse o porta-voz da chancelaria chinesa, Qin Gang. Em Moscou, a chancelaria russa disse estar convencida de que "nem o caminho das sanções nem o do uso da força levariam a uma solução do problema.

Esperava-se que os EUA propusessem ontem, num encontro de enviados a Moscou, a imposição de sanções contra o Irã. A cúpula reuniria os representantes dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU - EUA, Rússia, China, França, Reino Unido - e da Alemanha. No final do mês, o CS se reunirá para discutir a crise. Mas o país do golfo Pérsico disse que pretende continuar a desenvolver tecnologia nuclear para fins pacíficos, independente do que fosse decidido na capital russa ou no CS.

A possibilidade de algum tipo de intervenção militar americana no Irã vem sendo aventada já há algum tempo, mas ganhou maior divulgação na semana passada, depois de duas reportagens - da revista "The New Yorker" e do jornal "Washington Post" - nas quais um eventual ataque é dado quase como certo.

O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, disse que seu Exército está pronto para defender o país. "Vamos cortar as mãos de quaisquer agressores", disse. No fim de semana, um jornal britânico, citando funcionários iranianos, informou que 40 mil voluntários já estariam prontos para atentados suicidas contra os EUA, Reino Unido e Israel.

A tensão criada pelo impasse se reflete no mercado de petróleo, que vem alcançando preços recordes, acima de US$ 72 o barril. O Irã é o quarto maior exportador da commodity no mundo.