Título: Fundos impulsionam preços dos metais
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 19/04/2006, Empresas, p. B6

Os preços das commodities subiram e alcançaram recorde num momento em que o temor gerado pelo conflito em torno do programa nuclear do Irã fez com que o petróleo atingisse sua maior alta de todos os tempos e as especulações sobre a crescente demanda por parte da China impulsionou a compra de metais pelos fundos de investimentos.

O cobre teve alta de US$ 367, para US$ 6.475 por tonelada, depois de ter alcançado US$ 6.500,3 ao longo da sessão, maior cotação de todos os tempos. Uma nova rodada de compras impulsionou o metal, frente aos receios com a oferta insuficiente e à aproximação do período de maior demanda no segundo trimestre. A alta acontece após um ligeiro período de desaquecimento do movimento especulativo, mas segundo o analista do Banco Standardempresa>, Luiz Manreza, os fundos voltaram a investir pesado nas commodities metálicas.

Por envolver o maior número de contratos na Bolsa de Metais de Londres (LME), o cobre é um dos que mais sente essa pressão, mas acaba puxando os outros metais. "É normal que eles reajam de forma solidária", explicou ao Valor. O fato de a LME ter ficado fechada na segunda-feira, por conta do feriado de Páscoa, agravou o quadro de altas porque reduziu a liquidez do mercado. A Comex, em Nova York, outra importante bolsa que negocia cobre, operou normalmente. "Com menos liquidez, volumes menores interferem mais no mercado", disse Manreza.

O Grupo Méxicoempresa>, produtor de cobre e zinco, indicou que poderia ter dificuldades para cumprir as entregas marcadas para maio se a greve em sua mina La Caridad continuar. A Codelcoempresa>, maior produtora mundial de cobre, negou notícias veiculadas na mídia local de que a produção em uma de suas unidades teria sido interrompida por uma greve. Alguns operadores, no entanto, destacaram que vários contratos coletivos trabalhistas expiram ainda neste ano em outras divisões da empresa e, com os preços do cobre em patamares recorde, a possibilidade de uma greve ainda existe.

O zinco atingiu o recorde de US$ 3.170 e depois perdeu força, sendo negociado a US$ 3.115. O Grupo México invocou motivos de "força maior" em relação a suas entregas de zinco, cláusula que lhe permite descumprir contratos. A notícia motivou uma onda de cobertura de vendas a descoberto, em meio aos receios com a baixa oferta do produto.

Uma série falha elétrica em sua refinaria em San Luis Potosí, onde os funcionários também estão em greve, indica que a produção total da empresa não deverá ser retomada antes de agosto. Nos últimos 12 meses, a cotação do cobre dobrou, enquanto o zinco deu um salto de quase 150%.

O alumínio foi negociado a US$ 2.694 a tonelada, seu maior preço desde agosto de 1988. O níquel, usado para produzir aço inox, subiu para US$ 18.310 a tonelada, valor mais alto desde fevereiro de 1989.

O Índice de Commodities do Goldman Sachsempresa>, de 24 produtos, alcançou seu recorde ontem, puxado pela valorização do óleo diesel, do açúcar e do gás natural. Atualmente, o ouro registra sua maior cotação dos últimos 25 anos e a prata alcançou seu preço mais elevado desde maio de 1983.