Título: Consumo fora do lar eleva vendas de café
Autor: Mônica Scaramuzzo
Fonte: Valor Econômico, 19/04/2006, Agronegócios, p. B12

O consumo de café fora do lar tem crescido expressivamente no país nos últimos anos, o que tem chamado a atenção das torrefadoras para este segmento. Em 2004, o consumo de café fora de casa representou 4,47 milhões de sacas de 60 quilos. No ano passado, o volume saltou para algo em torno de 5,5 milhões de sacas, de um total de 15,8 milhões de sacas consumidas no mercado interno, segundo levantamento da Associação Brasileira das Indústria de Café (Abic).

Uma pesquisa encomendada pela entidade indicou que 29% das pessoas consumiram café fora de casa em 2005, ante 17% em 2004. Nos EUA, por exemplo, esse percentual atinge cerca de 50%. "As cafeterias passaram a ser um ponto de encontro entre amigos. A boa qualidade do grão também estimula o consumo", disse Nathan Herszkowicz, diretor da Abic.

Há cerca de 2,5 mil cafeteiras no país, a maioria nas grandes capitais das regiões Sudeste e Sul. Os investimentos em novas casas de café devem crescer 10% ao ano. Os aportes em uma nova loja variam de R$ 60 mil a R$ 500 mil, conforme estima a Abic. Somente em São Paulo, são consumidos 300 milhões de xícaras de café por ano.

A expectativa é que o consumo de café fora do lar aumente acompanhando as vendas totais no mercado interno. O Brasil é o segundo maior consumidor global, atrás dos EUA. Em 2005, as 15,8 milhões de sacas de café vendidas pelas indústrias no mercado doméstico representaram alta de 6% sobre o ano anterior. A meta da Abic é que o consumo interno alcance 16,5 milhões de sacas em 2006. Deste total, 5,8 milhões de sacas deverão ser consumidas fora do lar.

Para 2010, a Abic projeta o consumo em 21 milhões de sacas no país, ultrapassando os americanos, que consomem em torno de 20 milhões de sacas anuais.

De olho nesses consumidores, os organizadores da Agência Internacional Privada de Desenvolvimento do Mercado de Alimentos (Fispal) decidiram criar uma área específica para o café, o chamado "Espaço Café", em parceria com a "Revista Espresso", publicação especializada no consumo de cafés de qualidade. Esta área será instalada dentro da Fispal Food Service, evento que será realizado em São Paulo entre os dias 17 e 20 de julho

"O 'Espaço Café' deverá servir como um canal de relacionamento entre torrefadoras e indústrias de alimentos", afirmou Caio Fontes, diretor de planejamento da "Revista Espresso". Segundo ele, a chegada da americana Starbucks ao Brasil, prevista para este ano com uma primeira loja no Rio de Janeiro, deverá estimular os concorrentes nacionais a fazer investimentos para não ficarem para trás.

De acordo com Flávio Corrêa, CEO da Fispal, o café especial tornou-se um produto diferenciado e "passou a ser visto como grife". "Queremos trabalhar a imagem do café no mercado interno". A Fispal Food Service ocupará uma área de 35 mil metros quadrados. No Espaço Café, com 2 mil metros quadrados, serão organizados seminários voltados para os clientes food service (hotéis e restaurantes).

Uma área similar também deverá ser colocada à disposição para os vinhos brasileiros na Fispal, em especial os produzidos no Sul do país e também na região do Vale do São Francisco, destacou Corrêa. Em 2007, a Fispal pretende levar o "Espaço Café" para Miami (EUA).