Título: Congresso aprova reeleição para presidente na Colômbia
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 02/12/2004, Internacional, p. A-13

O Congresso colombiano aprovou ontem um projeto de lei que permite a reeleição do presidente, abrindo caminho para um segundo mandato de Álvaro Uribe. Com popularidade em alta, Uribe é considerado hoje o candidato com mais chances de vender a eleição, que acontecerá em 2006. Nos últimos meses, o presidente vinha defendendo a medida com mais ênfase, alegando que não terá tempo de concluir o seu trabalho econômico e, sobretudo, a questão da segurança em um único mandato. A medida foi aprovada na Câmara com larga folga (113 votos a favor e 16 contra), depois de ter passado pelo Senado. Será submetida à Corte Constitucional para então entrar em vigor. "Ninguém acredita que a Corte vá apresentar oposição à decisão. Minha aposta é de um risco de menos de 20% de isso acontecer", disse Alberto Bernal, diretor de pesquisa para América Latina do IDEAglobal, em Nova York. O presidente Uribe conta hoje com uma taxa de aprovação de cerca de 70%, percentual muito alto se comparado com o de outros presidentes da América Latina. Conseguiu isso, dois anos depois de eleito, graças à sua política linha dura com os grupos guerrilheiros que afundaram a Colômbia em uma guerra civil que já dura quatro décadas. A significativa melhora na economia também lhe trouxe prestígio. Seu governo alavancou a retomada, recuperando a confiança dos empresários locais e de investidores externos, diante da queda de seqüestros e assassinatos. O desemprego também caiu, sobretudo nas 13 grandes cidades, onde dados de outubro mostram o menor patamar em 11 meses, 14,1%. Os investimentos estrangeiros no segundo trimestre cresceram 65% em relação ao mesmo período do ano anterior, para US$ 851 milhões, o maior fluxo em quatro trimestres, segundo informou o banco central do país. Desde o começo deste ano, a Bolsa colombiana valorizou 108% em dólares - o melhor resultado no mundo. O peso colombiano, por sua vez, teve uma valorização de 12% em relação ao dólar. O governo prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça a um ritmo de 4% este ano, após registrar expansão de 3,9% em 2003. A economia da Colômbia se baseia fortemente na exportação de café, carvão e petróleo. Mas quem quer que seja o novo presidente, terá um desafio e tanto pela frente. Um deles é reduzir a taxa de pobreza, de 60%, que abastece a violência envolvendo rebeldes marxistas e paramilitares de extrema direita associados os milionário comércio de cocaína. Mas muitos economistas - e até simpatizantes de Uribe - temem que o capital político gasto para assegurar a reeleição possa estar prejudicando a agenda legislativa, que inclui discussões vitais como a solvência de longo prazo da Colômbia. "Uribe fez grandes avanços no campo econômico e de segurança, por isso a continuidade de seu governo seria positiva", disse Gary Kleiman, da Kleiman International, uma consultoria de mercados emergentes com base em Washington. "Mas há o temor de que essa reforma política esteja sendo feita às custas de reformas econômicas tão ou mais importantes", acrescentou ele. Os EUA já injetaram no país mais de US$ 3 bilhões em quatro anos com seu "Plano Colômbia", um programa voltado para o combate ao narcotráfico. Em encontro recente na cidade turística de Cartagena, o presidente americano, George W. Bush, prometeu a Uribe, seu maior aliado político na América do Sul, ainda mais apoio.