Título: Sucessão no PMDB em jogo
Autor: Jeronimo, Josie
Fonte: Correio Braziliense, 31/08/2010, Política, p. 7

Perspectiva de vitória de Dilma abre discussão sobre quem vai substituir Temer no partido. Jobim é o preferido de Lula

Vencido o primeiro passo de dar vida própria à sua criatura política, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem um novo desafio: controlar o apetite do PMDB no próximo ano. Se a vitória da candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, se confirmar, o vice Michel Temer (PMDB) deve renunciar ao cargo de presidente do partido, abrindo espaço para um sucessor.

Lula gostaria de ter um aliado de confiança no comando do PMDB para conter a sanha por cargos e espaço em um eventual futuro governo Dilma.

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, é considerado o presidente do PMDB dos sonhos para o petista. Não seria a primeira vez que Lula tenta emplacar seu atual ministro da Defesa no comando do PMDB. Em 2007, o governo encampou omovimento, mas não teve sucesso. Apesar do apoio de Lula à candidatura de Jobim, o ministro carece de aliados no partido para ganhar cacife interno e chegar ao comando da legenda.

Os peemedebistas, no entanto, são unânimes em repelir qualquer tentativa de intervenção petista na executiva.

Na ausência de Temer, a avaliação é de que o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) será o presidente do partido até o início de 2012. Ninguém vai antecipar a eleição para presidente do partido.

Se houvesse uma convenção estatutária, mas a eleição é para outro ano. E Jobim nem é parte da executiva, resume o ex-ministro e deputado Geddel Vieira Lima (PMDB), que concorre ao governo da Bahia sob a benção de Lula.

O vice deDilma foi eleito presidente do PMDB em fevereiro deste ano para um mandato de dois anos. O deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) diz que é cedo para debater sucessão da presidência do partido, mas afirma que Jobim é um bom nome.

Acho que o Jobim tem todas as qualidades, mas ainda é o primeiro ano da gestão do presidente.

Ele (Jobim) é um grande candidato. No primeiro momento, é seguir a sucessão e depois abrir a discussão. Honraria A sucessão natural do cargo, segundo o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), será feita pelo vice. Raupp afirma que se sentirá honrado emcomandar o partido no primeiro ano de um possível mandato presidencial de Dilma.

Vai ser uma honra muito grande. Já sou presidente regional do partido há mais de oito anos, seriaumpasso a mais.Ocenário é interessante e mais favorável do que foi no governo Lula, tendo emvista que oPMDBnão participou desde o início. Agora oPMDB estaria integrado desde o início. Ovice-presidentedoPMDBaposta em um crescimento da bancada governista no Senado para garantir governabilidade no primeiro ano. Ocenário vai mudar nessa eleição, a tendência é uma folga maior, torce Raupp.

Olíder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), é cuidadoso ao falar sobre o PMDB. Afirma que o presidente Lula não fará nenhum esforço deintervenção para tentar emplacarumpresidente mais afinado com o governo no PMDB.

Vaccarezza também acrescentou que nunca ouviu denenhumpeemedebista nenhuma discussão sobre a divisão de cargos em um suposto governo deDilma.OMichel Temer virou presidente do PMDB quando não estava nem na base, argumentaVaccarezza.