Título: Importação recorde aumenta 42% sobre novembro de 2003
Autor: Rodrigo Bittar
Fonte: Valor Econômico, 02/12/2004, Brasil, p. A-5

As importações de novembro alcançaram o maior patamar da história para um único mês. O volume apurado, de US$ 6,082 bilhões, foi influenciado pelas compras natalinas, pelo crescimento da economia e pela valorização do real frente ao dólar na avaliação do governo. Na comparação com igual mês de 2003, as compras externas cresceram 42,7% . Já as exportações cresceram menos em novembro - 36,4% em relação a novembro de 2003 -, mas alcançaram o melhor desempenho da história para o penúltimo mês do ano: US$ 8,159 bilhões. Em relação a outubro, os embarques apresentaram retração de 7,7%. Com esses resultados, o saldo da balança comercial foi positivo em US$ 2,077 bilhões no mês passado, após seis meses consecutivos de saldos acima de US$ 3,0 bilhões. No ano, o superávit soma US$ 30,196 bilhões. O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho, destacou que o resultado de novembro está em linha com as projeções oficiais. As exportações acumuladas em 12 meses já atingiram a meta estabelecida para 2004, que foi de US$ 94 bilhões. Já as importações, apesar do crescimento do último mês, estão US$ 1 bilhão abaixo dos US$ 62 bilhões previstos para o ano. Ramalho admitiu a possibilidade de o câmbio estar pressionando as importações, mas atribuiu o resultado da dinâmica comercial de novembro a outros fatores mais preponderantes: "Há uma variação importante nos valores dos produtos comercializados internacionalmente, com queda no preço dos básicos e aumento no dos manufaturados e semimanufaturados", observou Ramalho. "Além disso, houve uma antecipação das compras natalinas em um nível que não deve se repetir em dezembro", acrescentou. Em relação a novembro de 2003, as importações do mês passado mostraram crescimento em todas as categorias de produtos - bens de capital (28,1%), matérias-primas e intermediários (39,0%), bens de consumo (43,1%) e combustíveis e lubrificantes (83,6%). O desempenho dos combustíveis foi influenciado pelo aumento do preço internacional do petróleo. O resultado sinaliza também uma tendência de fortalecimento da atividade produtiva, assim como o crescimento das compras de bens de capital e de matérias-primas. Já o resultado apurado entre os bens de consumo reflete a melhoria da economia e os impactos positivos sobre a renda. O mês passado apontou ainda um expressivo crescimento das compras brasileiras oriundas da Argentina. As importações, no valor de US$ 570 milhões, foram as maiores desde julho de 2001. Os principais produtos importados do parceiro foram trigo, petróleo, nafta, veículos de carga, autopeças, inseticidas e herbicidas. Ramalho destacou o crescimento da corrente de comércio (exportações mais importações) como um fator que indicaria "o aumento da abertura da economia brasileira". Entre janeiro e novembro deste ano, esse indicador somou US$ 144,364 bilhões, recorde histórico. O valor superou em 30,5% o desempenho de igual período de 2003 (US$ 110,629 bilhões), que até então era o maior da série. Nas exportações, entre janeiro e novembro, foram recordes os embarques nas três categorias de produtos: manufaturados (US$ 47,243 bilhões), básicos (US$ 26,463 bilhões) e semimanufaturados (US$ 12,184 bilhões). Em novembro, os Estados Unidos, principal mercado dos produtos brasileiros, aumentaram suas compras em 50,5%, se comparadas a novembro de 2003. As vendas de produtos siderúrgicos, aviões, máquinas e equipamentos, madeira e petróleo puxaram o resultado. Também em novembro, os embarques para o Oriente Médio, caíram 5,1% por causa da menor demanda por óleo e farelo de soja. A China manteve suas importações do Brasil no mesmo patamar.