Título: Exportação também demanda insumos
Autor: Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 02/12/2004, Brasil, p. A-5
A retomada da demanda interna é o fator preponderante para o crescimento recorde das importações em novembro, avalia o economista Fernando Ribeiro, da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex). Esse movimento deverá se manter em dezembro e em 2005. Outro fator relevante no resultado recorde são importações feitas por setores que estão operando no limite de sua capacidade instalada, como é o caso da indústria siderúrgica, acrescenta José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Castro avalia que a valorização do real estimula, sobretudo, a importação de bens de consumo, como alimentos, bebidas e vestuário. E a exportação de manufaturados está estimulando a compra de bens intermediários. "Em 2005, a exportação de manufaturados deve crescer mais do que as vendas externas de commodities, o que exigirá a importação de mais matérias-primas", projeta Castro. Ele prevê que a participação dos manufaturados na pauta de exportação (média de 54% nos últimos dez anos), deve ultrapassar 57% no ano que vem, podendo chegar a 60%. Esse aumento virá da queda de preços em commodities, como a soja, pelo menor crescimento da China e por eventuais ajustes na economia americana. Ribeiro, da Funcex, entende que as importações deverão manter um ritmo de crescimento próximo a 30% ao ano e que o saldo comercial, em 2005, não deverá ficar muito abaixo dos US$ 30 bilhões. "O saldo deve ser menor do que o de 2004, mas o resultado dependerá das taxas de crescimento das importações e das exportações", analisa Ribeiro.