Título: PSDB monta estratégia para Alckmin no NE
Autor: Paulo Emílio
Fonte: Valor Econômico, 18/04/2006, Política, p. A9

O PSDB já definiu a estratégia que será utilizada para reverter os baixos índices de popularidade de seu pré-candidato à Presidência da República, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, no Nordeste, região onde apresenta índices de intenção de voto inferiores a 10%, segundo pesquisas de opinião. A intensificação de viagens e contatos junto a lideranças políticas, empresariais e da sociedade civil, serão feitas de forma acelerada. Alckmin visitará um Estado nordestino por semana. Eduardo Queiroga/Ag. Lumiar Guerra: denúncias contra Alckmin não são comparáveis às desferidas a Lula

Os tucanos contam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estará na defensiva durante a campanha eleitoral. "Não há chance de Lula fazer campanha que não seja para se explicar", disse o coordenador da campanha, senador Sérgio Guerra (PE), que há alguns dias, falando para investidores em São Paulo, propôs que a campanha oposicionista capitalizasse o desgaste do governo federal, estando atenta para preservar Alckmin do clima de troca de denúncias.

" Queremos montar uma nova proposta para a região, diferente de tudo que já foi feito. Até o dia da eleição surgirão novos comprometimentos do PT, do governo e do presidente Lula. Por mais autista que ele pareça, não terá como fingir que foi tudo um sonho ou invenção da oposição", disse Guerra.

Para Guerra, a expectativa é de que os contatos mantidos até agora resultem em um crescimento que consolide a candidatura do ex-governador paulista. Associado a esta perspectiva estaria uma queda nos índices de popularidade do presidente Lula em função da amplificação das denúncias contra a administração federal.

Sobre as denúncias contra Alckmin, Guerra diz que não há, até o momento, padrão de comparação com o que ocorreu contra o PT. "As denúncias contra Alckmin são pitorescas e surgem agora de forma compulsiva. Nada a ver com o governo federal que nos últimos meses demitiu seu principal líder, o José Dirceu, e o seu principal dirigente da área econômica, o Palocci. A nossa ordem é responder, esclarecer denúncias irrelevantes, relevantes ou de qualquer tipo. Todas têm que ter e estão tendo respostas", disse.

Semanas atrás, em São Paulo, Guerra disse temer o efeito de ataques a Alckmin, figura pouco conhecida fora do Estado em que governou e cuja imagem em regiões como o Nordeste ainda precisava ser construída. Este fator poderia fazer com que Alckmin sofresse um impacto maior do que Lula em uma troca de acusações, caso a proporção do fogo trocado entre os dois lados fosse equivalente.

O senador pernambucano afirmou que a campanha de Alckmin nas regiões onde é menos conhecido deverá explorar "a simpatia e a origem no seio da classe média". Cita como pontos forte do candidato a falta de arrogância e a imagem de competência gerencial. "Além disso, tem sustentação política, com base muito mais sólida do que a que tivemos quatro anos atrás", disse o coordenador.

Sobre a escolha do candidato a vice na chapa tucana, Guerra diz que o assunto diz respeito apenas ao PFL e ao candidato, embora defenda que o nome escolhido deva ser do Nordeste. O pernambucano minimizou a possibilidade de uma aliança formal dos tucanos com o PMDB, em razão das divergências internas dos pemedebistas. A aposta de Guerra é que o PMDB terminará sem candidato próprio à Presidência.

Aliado do ex-governador pernambucano Jarbas Vasconcelos, do PMDB, Guerra poderá ser um defensor da candidatura de Jarbas para vice, na improvável hipótese de aliança tripla entre PSDB, PFL e PMDB. Atualmente, Jarbas é candidato ao Senado. "Ele seria um excepcional candidato. Mas isso não depende de nós, e sim de Jarbas e do PMDB. Mas trabalhamos com a possibilidade de um candidato a vice-presidente do PFL", garante.