Título: Thomaz Bastos deve ir ao Congresso na 5ª feira
Autor: Juliano Basile e Thiago Vitale Jayme
Fonte: Valor Econômico, 18/04/2006, Política., p. A11
A ida do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, ao Congresso para prestar esclarecimentos sobre a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa tumultuou a tarde de segunda-feira no Congresso. A data e o local do depoimento, cobrados pelos partidos de oposição, ainda são uma incógnita. Marcado inicialmente para hoje na Câmara, ele deve acontecer provavelmente na quinta-feira. Se depender do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a ida do titular da Justiça ao Congresso pára por aí. "Torço para que todas as dúvidas sejam esclarecidas na vinda dele à Câmara e que isso se esgote lá, tornando desnecessária a vinda dele ao Senado", afirmou Calheiros.
Os líderes da oposição não conseguiam concatenar o discurso, indecisos quanto à conveniência ou não de aprovar requerimento convocando o ministro para falar no plenário do Senado. PFL e PSDB gostariam de ouvir o depoimento do ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso na CPI dos Bingos, antes de Thomaz Bastos. O problema é que o requerimento convocando Mattoso sequer foi votado na CPI. Prevista para hoje, a votação deve ser adiada.
O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), manifestou preocupação com o risco de a oposição ser acusada de estar postergando o depoimento do ministro, se insistir em ouvir Mattoso primeiro. "O ideal seria ouvi-lo, mas não sei se poderemos nos dar ao luxo de esperar a vinda do ex-presidente da Caixa", disse ele. Renan mostrou irritação com o episódio. "A divergência com relação à vinda do ministro ocorreu na oposição e não no governo. O ministro não só se colocou à disposição de vir, como pediu para antecipar seu depoimento", afirmou o senador.
Uma possibilidade não descartada é que o depoimento seja marcado para amanhã, dia de mais movimento na Congresso. O líder do PSDB no Senado criticou o fato de o depoimento ter sido marcada para a quinta-feira, um dia normalmente esvaziado no Congresso. Nesta semana, o quórum deve ser ainda mais baixo, por ser véspera de feriado. O tucano conversou com o líder do PFL na Câmara, deputado Rodrigo Maia (PFL-RJ), sobre a conveniência de antecipar o depoimento para quarta-feira.
Na reunião da coordenação política, Thomaz Bastos afirmou esperar que sua ida ao Congresso encerre a polêmica quanto à suspeição de que teria participado da violação do sigilo do caseiro. A estratégia está definida: o ministro vai reiterar perante que não teve qualquer participação na violação do sigilo. "Se a sessão for conjunta, tanto melhor", disse um assessor.
Thomaz Bastos assegurou a integrantes do governo que não há possibilidade de a oposição descobrir qualquer tipo de movimentação financeira suspeita em suas contas. Surgiram especulações de que uma casa de praia do ministro teria sido comprada com recursos vindos do exterior. "Que negócio é esse? Minha vida financeira é papai-mamãe, não tem nada de exótico", teria dito Thomaz Bastos a um interlocutor do presidente. A assessoria do ministro lembra que ele encaminhou, em 17 de agosto do ano passado, tanto ao Ministro Público quanto à CPI dos Correios, as transferências internacionais por ele realizadas, as operações registradas no Banco Central e o documento fiscal demonstrando os impostos pagos nessas operações.