Título: Governistas reúnem Executiva para adiar convenção
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 02/12/2004, Política, p. A-8

Uma reunião da Executiva Nacional do PMDB na próxima semana será o último lance da ala governista do partido para tentar adiar a convenção marcada para 12 de dezembro que deve definir se a sigla fica ou não na base governista. O líder do partido no Senado, Renan Calheiros (AL), e outros quatro aliados do Planalto pertencentes à Executiva pedirão a convocação do órgão, para decidir sobre um manifesto já assinado por 20 dos 23 senadores do partido, condenando a convenção. O manifesto, que ainda não foi divulgado oficialmente, afirma que a convenção é inoportuna e incoerente. Alerta que os prefeitos do partido poderão ser prejudicados. "Os prefeitos, para enfrentar as dificuldades de suas realidades municipais, precisam ter o apoio da direção partidária no atendimento aos seus pleitos na esfera federal". A nota afirma ainda que "seja qual for a decisão da convenção, dividirá irreversivelmente o partido". O texto ainda faz um apelo à negociação. "Temos exercido como ninguém a arte da harmonização de conflitos internos", afirma. Mas os governistas não têm certeza que conseguirão aprovar o adiamento da convenção na Executiva. Renan tentou negociar com o presidente do partido, Michel Temer (PMDB-SP), a deliberação por voto secreto. Não conseguiu. Ainda tentará fazer com que votem os titulares e os suplentes do colegiado, mas já sabe que a resposta de Temer será negativa. A princípio, votarão 15 titulares e um suplente. Os que querem romper com o Planalto têm como certos seis votos: Temer, os deputados Eliseu Padilha (RS), Tadeu Filippelli (DF) e Geddel Vieira Lima (BA), o senador Sérgio Cabral (RJ) e o ex-governador Orestes Quércia (SP). Os governistas contam com outros seis: Renan, a esposa do ministro Eunício Oliveira, Mônica, os deputados Henrique Eduardo Alves e Jader Barbalho e o senador Ney Suassuna. O deputado Saraiva Felipe (MG) é contado como voto certo pelos dois grupos e o líder da bancada na Cãmara, José Borba (PR), tende a votar com o governo. Serão decisivos os votos dos senadores Maguito Vilella (GO) e Ramez Tebet (MS) e do ex-deputado Renato Vianna (SC), cujo comportamento ainda não é previsível Caso os governistas percam na Executiva, as esperanças de vitória na convenção de 12 de dezembro são muito pequenas. A estratégia dos aliados do Planalto será a de esvaziar o encontro, para que ele não consiga quórum. Em junho de 1998, esta estratégia foi usada com sucesso para impedir que o PMDB tivesse candidato presidencial. Se desta vez a manobra não funcionar, está praticamente decidido a desobediência à decisão partidária: a tendência é que nenhum dos pemedebistas que está no governo deixe seus postos. O argumento será um dispositivo no Estatuto do partido que permite a existência de divergências internas dentro do partido. (CF)