Título: Humala assume, eleva o mínimo e cria imposto para mineradoras
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Fonte: Valor Econômico, 29/07/2011, Internacional, p. A10

O esquerdista Ollanta Humala assumiu ontem a Presidência do Peru e, já no discurso de posse, anunciou um aumento no salário mínimo e a introdução de um imposto sobre lucros extraordinários das mineradoras. Disse ainda que respeitará contratos e regras fiscais."Dedicarei minha energia a plantar as bases para apagarmos definitivamente da nossa história o lacerante rosto da exclusão e da pobreza, construindo um Peru para todos", afirmou Humala, de 49 anos, em suas primeiras palavras como presidente.

De acordo com Humala, a partir de agosto o salário mínimo, atualmente de 600 sóis (R$ 343), passará para 675. No ano que vem, haverá outro aumento de 75 sóis. O presidente também anunciou a criação, com implementação gradual, de um programa de aposentadoria para maiores de 65 anos que não tenham contribuído. A verba para custear essas despesas virá de um imposto sobre lucros extraordinários obtidos por mineradoras de ouro e cobre, tais como a Anglo American e a Southern Copper.

Após gerar uma grande expectativa entre as camadas mais baixas da população, Humala chega à Presidência com a difícil tarefa de conciliar as promessas feitas durante a campanha com os compromissos assumidos com o empresariado e investidores. Como reflexo dessa nova face moderada exibida por Humala, dos 18 ministros, cinco são empresários e sete atuaram em governos anteriores.

"Estamos preocupados", disse Mario Huaman, presidente da Confederação Geral dos Trabalhadores. "Vamos ouvir com bastante atenção o que ele dirá nos próximos dias e ver se ele compartilha das nossas opiniões. Então, decidiremos nosso plano de ação, nosso plano de luta. Ele prometeu mudanças."

A cerimônia de posse foi tumultuada pela decisão de Humala de fazer o juramento ao cargo prometendo defender a Constituição de 1979, ignorando, assim, a de 1993, que ele considera excessivamente liberal. Os parlamentares de oposição protestaram com gritos. O ex-presidente Alan García entregou a faixa a um militar e não compareceu à cerimônia para transmitir o cargo.

Compareceram à posse os presidentes Cristina Kirchner, da Argentina, Dilma Rousseff, do Brasil, Evo Morales, da Bolívia, Sebastián Piñera, do Chile, Juan Manuel Santos, da Colômbia, e José Mujica, do Uruguai. Hugo Chávez, da Venezuela, que está em tratamento de câncer, não foi.