Título: BNDES mantém otimismo, apesar do trimestre fraco
Autor: Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico, 17/04/2006, Brasil, p. A4
O fraco desempenho do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no primeiro trimestre do ano contrasta com o otimismo da sua diretoria de Planejamento, que está projetando uma taxa de crescimento de até 5% para o Produto Interno Bruto (PIB) do país este ano. De janeiro a março, como informa a instituição de fomento, os desembolsos para projetos de investimento somaram R$ 6,7 bilhões, uma queda de 28% em relação ao mesmo período do ano passado e pouco mais de 10% do orçamento de R$ 60 bilhões disponíveis para financiar investimentos este ano.
As consultas, que sinalizam investimentos futuros, caíram 1%. As aprovações avançaram 2% e os enquadramentos, fase anterior às aprovações na burocracia do banco, 20%. Desse percentual, 5% representam financiamentos à exportação. A indústria foi o setor que apresentou maior crescimento nas aprovações de financiamentos no período, com R$ 3,7 bilhões - 5% superior ao de janeiro a março do ano passado. O segmento industrial com melhor desempenho foi o de material de transporte (fabricação e montagem de veículos automotores, aeronaves, embarcações e equipamentos ferroviários), cujas aprovações somaram R$ 1,57 bilhões, 144% a mais do que em igual período do ano passado
Aluysio Asti, superintendente da área de Planejamento do BNDES, acredita que a situação vai se reverter a partir do segundo trimestre. "Apesar dos pesares do primeiro trimestre, estou confiante. Vem crescendo o consumo aparente de bens de capital, a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) está em queda e, em abril, aumentou o volume de consultas", adiantou.
Segundo ele, os novos pedidos de crédito que entraram em abril apontam para o crescimento do investimento nas áreas de energia elétrica, de açúcar e álcool, eletroeletrônica (fábricas de componentes) e de ferrovias.
Os números do banco revelam que, no período acumulado, houve uma retração de 49% nos desembolsos para a indústria em relação ao mesmo período do ano passado. A maior queda, de 80%, ocorreu no setor de material de transportes. A liberação de recursos para o setor têxtil declinou 59% e para a área de metalurgia, 51%.
Na avaliação de Asti, o primeiro trimestre de 2006 foi atropelado em parte por um processo de sustação das aprovações de projetos no banco na expectativa da entrada em vigor das novas políticas operacionais, o que só aconteceu no dia 14 de fevereiro. Essas políticas reduziram o custo do spread básico cobrado pela instituição, tornando mais barato o financiamento para o tomador.
Esta semana é esperado que o novo presidente do banco, Demian Fiocca, anuncie os novos nomes da diretoria. As vagas a serem preenchidas são as de diretor-financeiro, de vice-presidente e de diretor de Infra-Estrutura da instituição. O mais cotado para a Diretoria Financeira é Rogério Studart, economista do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Para a vice-presidência, espera-se a confirmação de Armando Mariante, diretor da área de Indústria e Exportação do banco. Mariante é indicação do ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan. Na Infra-Estrutura, a solução poderá ser interna.