Título: Operadoras criam soluções especiais para atender PMEs
Autor: Saraiva,Jacilio
Fonte: Valor Econômico, 29/07/2011, Especial, p. F1
Os negócios de menor porte estão na mira do concorrido mercado de logística, que movimenta R$ 300 bilhões por ano no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Logística (Aslog). Nessas operações, estratégicas para o sucesso das empresas, as necessidades dos pequenos empresários começam a ser equacionadas, mas o caminho ainda é longo.Uma das dificuldades apontadas por Edson Carillo, diretor da Aslog, é a falta de estrutura dos micro e pequenos empresários para rastrearem seus produtos. Isso pode comprometer tanto a sua relação com o fornecedor do serviço quanto com o cliente na ponta da operação. Sem rastreamento, diz Carillo, fica difícil controlar estoque, programar remessas, escalonar entregas e, principalmente, acompanhar de perto os prazos.
Foi justamente para driblar essa dificuldade que o empresário Alexandre Ceródio, dono do site de e-commerce Belezanaweb montou uma estrutura própria para rastrear junto aos Correios suas entregas. "Por meio do número de despacho o programa consegue saber exatamente onde o produto está e quanto tempo demorará para chegar ao destino", diz Ceródio. "De posse do relatório, que sinaliza quais e quantas encomendas entrarão em atraso ou estão em atraso, conversamos com a responsável na área dos Correios e avisamos as clientes".
Com uma média de 8.000 remessas por mês, a Belezanaweb opera exclusivamente com os Correios, com o qual mantém um contrato corporativo no serviço e-Sedex, que abrange 400 municípios e entrega em até 24 horas, e no PAC, com período de entrega de até cinco dias. "Começamos há três anos com o envio de 20 caixas por dia, hoje são 400. Estamos satisfeitos com o serviço", diz o empresário, que recebe em média 10 mil cadastros de novos clientes por mês.
O e-Sedex é hoje um dos principais serviços oferecidos pelos Correios para o mercado interno e um dos preferidos pelos pequenos empresários, que respondem por 9% das remessas domésticas. Segundo Maria da Glória dos Santos, vice-presidente da rede de relacionamento dos Correios, o faturamento da empresa com esse segmento cresce a uma média de 20% ao ano.
Criado em 2000, o programa Exporta Fácil foi o primeiro canal a facilitar a chegada das mercadorias das micro e pequenas empresas ao exterior. "O serviço foi concebido com base na simplificação dos processos administrativos, aduaneiros e logísticos que permitissem às empresas nacionais de menor estrutura acesso ao exterior de forma mais competitiva", conta Maria da Glória.
Os serviços de logística englobam desde estocagem, embalagem, distribuição, coleta e rastreamento de todo tipo de produto, de matéria-prima a itens de alta tecnologia. E, na visão das grandes operadoras, a prestação de consultoria às pequenas e médias empresas. Implantado no Brasil em 2005, o Pymex foi o canal pensado pela FedEx para facilitar o acesso desse perfil de empresas ao mercado global. "Nós realizamos todo o trâmite alfandegário, como também prestamos consultoria estratégica, oferecemos descontos especiais nos serviços, além de promover seminários sobre exportações", afirma a diretora da DHL Denise Thomazotti. "Em toda a América Latina existem 3.100 empresas inscritas no programa e mais de 3.800 já participaram dos seminários", diz.
A DHL segue a mesma linha, com uma equipe de 25 profissionais preparados para orientar os pequenos empresários sobre 20 diferentes tipos de serviços, entre eles, questões alfandegárias. "Em logística é crucial para o sucesso do negócio entender os processos alfandegários, preparar o produto para o embarque, obter licenças e liberações junto aos órgãos de anuência", afirma Juliana Vasconcelos, diretora de marketing e vendas da DHL. "Quando as empresas passam a dominar melhor essa preparação os ganhos em produtividade e custos são grandes."
Para Paulo Alvim, gerente da unidade de acesso a mercados e serviços financeiros do Sebrae, a falta de domínio dos trâmites alfandegários é um dos problemas que mais pesam na área de logística quando se fala em remessas para o exterior, mas no mercado doméstico também ainda muito o que ser trabalhado.