Título: PSDB gastou mais com Serra do que PT com Marta
Autor: Cristiane Agostine e Ilton Caldeira
Fonte: Valor Econômico, 02/12/2004, Política, p. A-12

O PSDB foi o maior doador nas eleições municipais para a prefeitura de São Paulo, superando em cerca de R$ 312 mil o PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da candidata derrotada à reeleição, Marta Suplicy. De acordo com a prestação de contas elaborada pelo comitês financeiros dos partidos o candidato tucano José Serra, eleito prefeito no segundo turno das eleições municipais na capital paulista recebeu R$ 2,862 milhões em contribuições de seu partido, sendo R$ 1,767 do Diretório Estadual da legenda e outros R$ 1,095 milhão do Diretório Municipal. O PT destinou 2,550 milhões para a campanha da atual prefeita. Desse total R$ 1, 5 milhão foram doados pelo Diretório Nacional do partido e R$ 1,050 pelo Diretório Estadual. No total, a campanha tucana arrecadou R$ 14,837 milhões, sendo que 19,3% foram de recursos provenientes do PSDB. O PT arrecadou na campanha R$ 16,517 milhões e os recursos repassados pelo partido representaram 15,4% do total. São somas significativas, mas refletem a presença de um ativo mercado de doadores privados. Nas campanhas do Rio e de Porto Alegre, por exemplo, o PT contribuiu com 50% e 44% do total de doações de seus candidatos. A campanha de Serra teve um saldo positivo de R$ 178,01, ao contrário da campanha presidencial de 2002 que terminou com um déficit de cerca de R$ 6 milhões. O PT terminou a campanha com um dívida de R$ 871,4 mil, e uma despesa declarada de R$ 17, 4 milhões. Dos 346 doadores petistas, o maior valor de capital privado foi de R$ 700 mil, do grupo financeiro Sodepa, ligado ao Banco Safra. Já os tucanos tiveram como maior doador privado a empreiteira Camargo Corrêa que destinou R$ 1,016 milhões para a campanha de Serra.

A prestação de contas da campanha de Serra foi entregue ao Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), na segunda-feira, um dia antes do prazo final estipulado pela Justiça Eleitoral. Já a prestação de contas de Marta Suplicy não foi recebida pelo TRE-SP porque foi encaminhada sem a assinatura da candidata, nem a do presidente municipal do PT, deputado estadual Ítalo Cardoso. Segundo o TRE-SP, a prefeita não sofrerá nenhuma sanção por não ter entregue a prestação de contas de sua campanha dentro do prazo estabelecido. O cumprimento do prazo é necessário para a diplomação do eleito. Como Marta não conseguiu reeleger-se, não sofrerá punições pelo atraso. Para o diretório municipal, a penalidade de ficar sem o repasse mensal do fundo partidário só será feita caso não entregue a prestação de contas anual ficar sem repasse mensal. O tesoureiro do diretório municipal, Leonide Tatto, afirmou que o documento estava pronto para ser assinado há 20 dias, mas que acabou "se esquecendo" de entregar à prefeita, que está em viagem de férias. "Fiquei tão preocupado de fechar as contas, que os papéis ficaram de lado. Quando ela chegar, assina". O Diretório Municipal destinou R$ 220 mil para as despesas pessoais de Marta, como segurança, locação de bens, combustível, impressos e serviços de terceiros. A assessoria do presidente municipal do partido, deputado Ítalo Cardoso, disse que ele se pronunciaria. Já a assessoria de Marta afirmou que a prefeita não pediu o documento para assinar. O assunto, segundo o assessor de Marta, "deve ser tratado exclusivamente com o partido, por ser uma questão da campanha".