Título: Luiza Trajano aceita convite para ministério
Autor: Leo,Sergio
Fonte: Valor Econômico, 17/08/2011, Brasil, p. A7
Quatro meses e meio depois de enviado ao Congresso, começou a avançar ontem na Câmara o projeto que cria a Secretaria da Micro e Pequena Empresa, para a qual o governo convidou a presidente do Magazine Luiza, empresária Luiza Helena Trajano, de 61 anos. Segundo informações do Planalto, ela aceitou o convite, mas pediu tempo para preparar a transição ao setor público.O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, confirmou pela manhã que a presidente Dilma Rousseff fez o convite, mas disse que não sabia se a empresária tinha aceitado. "Sei que há um contato da presidenta com a Luiza. Espero que ela tenha aceitado, vai ser uma figura importante para nós", disse o ministro ao jornal "O Globo". Luiza Helena Trajano ficou famosa pelo sucesso no comando da rede de lojas fundada pelos tios em 1957. Ela começou no grupo com balconista aos 12 anos de idade e subiu na hierarquia da empresa até ser escolhida pela tia, Luiza Trajano Donato, como sucessora em 1991. A empresária é formada em Direito pela Universidade de Franca (SP), cidade onde ela e a rede nasceram, e fez cursos de administração.
Sob sua gestão, o Magazine Luiza se tornou a terceira maior varejista do país, atrás apenas do Grupo Pão de Açúcar, dono das bandeiras Extra, Casas Bahia e Ponto Frio, e da Máquina de Vendas, proprietária das marcas Insinuante e Ricardo Eletro. A rede, que faturou de R$ 5,3 bilhões em 2010, emprega 21 mil pessoas e tem mais de 600 lojas em seis Estados.
Para que ela tome posse, porém, o ministério ainda precisa do aval do Congresso. O governo pediu urgência constitucional na sexta-feira para a votação do projeto, que só ontem ganhou seu primeiro relator na Câmara, o deputado Eudes Xavier (PT-CE), da Comissão de Trabalho, de Administração e de Serviço Público.
O projeto com o novo ministério terá de receber emendas ou a futura ministra receberá um cargo esvaziado. Na proposta enviada em março, no último dia legal para criação de cargos no setor público, a estrutura prevista não inclui órgãos de peso, como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) ou a Agência de Promoção de Exportações (Apex). Sem consenso na burocracia sobre o formato do novo ministério, a presidente decidiu mandar um projeto genérico, a mudado depois.
Da forma original, o projeto prevê que a Secretaria da Micro e Pequena Empresa terá um secretário-executivo e dois secretários para auxiliar a ministra, e, abaixo deles, pouco mais de 65 funcionários com cargos em comissão. Serão transferidos para a nova pasta funcionários e acervos do Ministério do Desenvolvimento hoje encarregados de microempresa, empresa de pequeno porte e artesanato; e as atividades do Ministério do Trabalho relacionadas com cooperativismo e associativismo urbanos.
Com o pedido de urgência, foi aberto prazo de cinco sessões para que o projeto receba emendas, e, após 45 dias, ele passa a "trancar a pauta", impedindo aprovação de qualquer outra matéria enquanto não for votado.
Apesar do pedido de urgência, o tema não consta da pauta de prioridade dos líderes governistas. Parlamentares ligados ao Planalto informaram ao Valor que há pouca chance do projeto ser votado antes do fim de setembro. devido a insatisfação da base aliada com as mudanças nos ministérios provocadas por denúncias de corrupção.