Título: Petista que ficou em quinto lugar, declarou a campanha mais cara do Rio
Autor: Janaina Vilella
Fonte: Valor Econômico, 02/12/2004, Política, p. A-12
As empresas de engenharia, construção e papel e celulose foram as grandes financiadoras de campanha dos candidatos à prefeitura do Rio, em 2004. Os cinco primeiros colocados na disputa, Cesar Maia (PFL), Marcelo Crivella (PL), Luiz Paulo Conde (PMDB), Jandira Feghali (PCdoB) e Jorge Bittar (PT) arrecadaram cerca de R$ 9 milhões. As despesas foram superiores ao montante arrecadado, em R$ 1,87 milhão. Os dados fazem parte da prestação de contas que os candidatos são obrigados a apresentar ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) após as eleições, de acordo com a legislação. Com gastos declarados de R$ 4,1 milhões, o petista Jorge Bittar fez a campanha mais cara. O candidato arrecadou R$ 2,28 milhões, sendo que mais de R$ 1 milhão foram doados pelo próprio PT. A assessoria de imprensa de Bittar informou que o rombo será coberto pelos diretórios regional, municipal e nacional do próprio partido. Cesar Maia também investiu pesado em sua reeleição. O pefelista gastou 38% a mais do que nas eleições municipais de 2000, ou R$ 2,49 milhões. Apesar de ter apresentado despesas menores do que as de Bittar, Maia foi o campeão em arrecadação de doações: R$ 2,79 milhões. Assim como o petista, a maior contribuição para a campanha do prefeito veio do próprio partido, R$ 743,5 mil (ver quadro nesta página). O secretário municipal de Saúde Ronaldo Cezar Coelho (PSDB), encabeçou a lista de doações de pessoas físicas, com R$ 100 mil. Na última eleição, o então deputado federal colaborou com R$ 400 mil. Procurado, o secretário não retornou as ligações do Valor. A Vega Engenharia Ambiental, uma das concessionárias do serviço de coleta de lixo em São Paulo, foi a empresa privada a dar a maior contribuição para Maia, R$ 200 mil. A companhia que também foi a maior financiadora da campanha da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), em 2000, teve seu nome envolvido em escândalos de corrupção na Prefeitura de São Paulo ao ser acusada de ceder privilégios para vereadores. Cesar Maia informou, por e-mail, que nunca se envolveu em captação de recursos. "Isso quem faz é o partido. Mas o PFL deveria ter feito uma auditoria antes", disse Maia. Assim como o prefeito, Luiz Paulo Conde (PMDB) também contou com um montante considerável de recursos provenientes de seu partido, R$ 300 mil. No total, o candidato arrecadou R$ 1,70 milhão. O pemedebista apresentou despesas de R$ 1,69 milhões. A maior colaboradora da campanha de Conde foi a baiana OAS, responsável pela construção da Linha Amarela. Segundo a prestação de contas apresentada por Conde, a empreiteira doou R$ 290 mil ao candidato. O secretário de pesquisas do site Transparência Brasil, seção brasileira da organização não-governamental Transparência Internacional, Bruno Speck, explica que os partidos políticos têm usado uma brecha legal da lei eleitoral para doar mais de forma menos transparente. "A doação recebida através do partido tem duas vantagens: em primeiro lugar o candidato não precisa identificar de forma clara em sua prestação de contas a origem dos recursos. Além disso, não há limite de doação", disse Speck. O senador do PL, Marcelo Crivella, apresentou o maior número de doadores individuais. No total, foram arrecadados R$ 1,4 milhão. Com doações mais modestas (R$ 586 mil), Jandira Feghali (PCdoB) conseguiu a maior parte dos recursos com empresas ligadas à indústria naval.