Título: No Recife, construtoras lideram lista
Autor: Paulo Emílio
Fonte: Valor Econômico, 02/12/2004, Política, p. A-12

A campanha municipal para prefeito da cidade do Recife foi uma das mais caras já vistas no município. De acordo com as declarações entregues à Justiça Eleitoral, a campanha que levou o petista João Paulo à reeleição custou R$ 2 milhões. Já o candidato derrotado, o peemedebista Carlos Eduardo Pereira (Cadoca) declarou à Justiça que utilizou R$ 2,4 milhões, a campanha foi a mais cara entre todos os candidatos majoritários que disputaram o pleito. Com uma campanha bem diferente daquela que o levou ao primeiro mandato em 2000 - quando foram gastos, segundo as declarações entregues à Justiça Eleitoral, R$ 328,6 mil -, João Paulo teve as construtoras e empreiteiras como os principais doadores. O valor repassado por estas empresas supera R$ 1,3 milhão. Os maiores contribuintes individuais foram a Guerra Construções (R$ 229,7 mil), Construtora Venâncio (R$ 115,5 mil) e a Vega Engenharia Ambiental (R$ 100 mil). Esta última empresa, multinacional francesa, foi a responsável pelo tratamento de parte do lixo da cidade de São Paulo, durante a gestão de Marta Suplicy (PT). A Guerra Construções foi contratada sem licitação no final de 2003 para demolir prédios comerciais condenados por um incêndio. A justificativa para a execução dos trabalhos sem o processo licitatório - as obras foram orçadas em R$ 62 mil - foi a urgência dos trabalhos. Ninguém do PT foi encontrado para comentar o assunto. As despesas da campanha do petista totalizaram R$ 2.019.713,94. Os maiores gastos foram com publicidade e propaganda, que somaram R$ 1,3 milhão. Na rubrica "dívida" figura o valor de R$ 55,8 mil. A primeira declaração foi entregue no dia 10 de novembro. Ali os gastos com campanha figuravam em R$ 1,9 milhão. Uma declaração retificadora foi entregue no dia 23. A alegação foi que havia erros na informação de datas e valores dos encargos financeiros. Ninguém do PT foi encontrado para falar sobre o assunto. As contas de Cadoca apontam uma movimentação de R$ 2.459.268,00. Deste total, pouco mais de R$ 2,2 milhões tiveram origem em pessoas jurídicas. A Vega também figura como uma das principais contribuintes (R$ 250 mil). O setor da construção civil contribuiu com R$ 435 mil. Duas instituições bancárias, O Banco de Pernambuco (Bandepe) e o ABN Amro Real S/A, doaram R$ 150 mil cada. Já o banco BMG doou R$ 40 mil. PMDB e PFL totalizaram R$ 950,3 mil.