Título: Vasp terá que pagar Infraero em dinheiro
Autor: Daniel Rittner
Fonte: Valor Econômico, 02/12/2004, Empresas, p. B-3

Reincidente na tentativa de pagar taxas aeroportuárias com cheques sem fundo, a Vasp terá que fazer seus pagamentos à Infraero em dinheiro e nos guichês de cada aeroporto de onde decolam as suas aeronaves. A medida passará a valer a partir de amanhã e foi adotada depois que a companhia aérea teve mais dois cheques devolvidos pelo banco. Ambos eram de R$ 40 mil e vinham assinados pelo presidente da empresa, Wagner Canhedo. Foram entregues à Infraero nos dias 26 e 29 de novembro. Segundo o diretor financeiro da estatal, Adenauher Figueira Nunes, a irregularidade já havia acontecido nos dias 16 e 18 de novembro. " Eles foram alertados por carta que, se isso voltasse a ocorrer, não poderiam mais fazer o pagamento diário das taxas de forma centralizada e em cheque " , afirmou. A Vasp terá, como alternativa, entregar cheques administrativos, com garantia do banco. A companhia começou a pagar diariamente, em outubro, suas tarifas aeroportuárias à Infraero. Normalmente, os depósitos são feitos a cada 15 dias. A estatal mudou o tratamento dispensado à Vasp por causa da dívida de R$ 11,8 milhões. Como não pagou esse débito mesmo após tê-lo renegociado com a Infraero, terá que responder a um processo judicial por apropriação indébita - a dívida é em taxas de embarque recolhidas de passageiros. A Varig, também em negociação para quitar um débito de R$ 148 milhões, pagou na segunda-feira 13% desse valor. Com isso, a Infraero deu prosseguimento às negociações com a companhia e adiou a entrada de ação judicial para recuperar o dinheiro. A empresa aérea quer dividir o débito restante em 30 parcelas mensais, mas há impasse em torno das garantias oferecidas à estatal. Em reação à notícia de que o governo pretende financiar a Nova Varig em US$ 1 bilhão, liqüidando extra-judicialmente o passivo da companhia, o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea), George Ermakoff, afirmou ontem que essa solução não é ideal. Segundo o executivo, a possível medida desconsidera os credores e nem satisfaz a concorrência. Ele diz que, " em princípio " , não interessa à Gol ou à TAM participar do capital acionário da Varig reestruturada. " O governo precisa perseguir soluções factíveis " , aponta Ermakoff, para quem o ideal é permitir um " encontro de contas " - ou seja, reconhecer a vitória das companhias em ações movidas contra o governo pelas perdas referentes ao congelamento de passagens no Plano Real. Só a Varig pode embolsar R$ 2,2 bilhões.