Título: Gastos de obesos com alimentos e bebidas são 10% maiores
Autor: Daniela D'Ambrosio
Fonte: Valor Econômico, 02/12/2004, Empresas, p. B-3

Quanto mais longe chegam os ponteiros da balança, maior o valor do tíquete no final das compras. Sim, os gordinhos gastam até 10% mais na hora de comprar comida do que os que exibem uma silhueta mais esbelta. Uma pesquisa da Latin Panel sobre o consumo do brasileiro por níveis de peso - realizado com cerca de 25 mil pessoas - mostra que os domicílios com donas-de-casa obesas têm um gasto 10% maior e um consumo 12% acima da média com alimentos e bebidas. Por outro lado, os indivíduos abaixo do peso consomem 9% menos e gastam 8% menos que a média com esses itens. Os produtos preferidos de gordos e magros na hora de abastecer a despensa e a geladeira são completamente diferentes - sobretudo no que se refere aos itens supérfluos. O levantamento mostra que, entre os obesos, o consumo de leite condensado e refrigerante é 20% maior que a média e que eles consomem 16% mais maionese e óleo. Em lares onde toda a família é considerada obesa, o consumo de maionese chega a ser 75% maior e os salgadinhos são presença certa em 66% desses domicílios. "Mas é a mãe acima do peso quem determina os hábitos de consumo da família", diz Ana Cláudia Fioratti, coordenadora da pesquisa. No outro extremo, nas casas onde a mulher está abaixo do peso, esse tipo de produto sequer aparece na cesta de compras. Elas preferem chá pronto - o consumo é 40% maior -, bebidas à base de soja - que são 17% mais consumidas nesses lares -, e adoçantes - 8% mais comprados do que nos demais domicílios. "Mas na hora de comprar alimentos básicos, como arroz, feijão, carne branca e vermelha, o consumo é bastante equivalente", diz Ana Cláudia. O estudo - que levou em conta o IMC, índice de massa corpórea, parâmetro usado pela Organização Mundial de Saúde para definir o peso ideal - também traçou um perfil de peso da população brasileira. De acordo com o levantamento, 41% da população brasileira com mais de sete anos está acima do peso, o que representa 120,5 milhões de brasileiros. As mulheres são maioria nesse universo: 42% estão acima do peso, contra 38% dos homens. Entre as crianças, 27% da população entre 7 e 12 anos é considerada obesa. A correlação entre renda e obesidade é baixa. Nas classes A e B a taxa de obesidade é de 14%, enquanto na classe C é de 15% e na D e E, de 13%. O interior de São Paulo e a Região Sul têm 46% da população acima do peso.