Título: Horário eleitoral atrai só 53% dos brasilienses
Autor: Amorim, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 06/09/2010, Cidades, p. 19

Pesquisa do CB Data mostra que pouco mais metade dos eleitores acompanham a propaganda política gratuita. Desses, 93% o fazem pela TV

Quando a propaganda eleitoral gratuita interrompe a programação, começa a enxurrada de promessas e a repetição de clichês como você me conhece, juntos, vamos mudar Brasília, preciso do seu apoio, com ética e transparência, construiremos uma nova história. Para ajudar a definir voto ou por pura curiosidade, apenas metade dos brasilienses não desliga a televisão ou o rádio no momento do horário eleitoral gratuito. De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto CB Data, as propagandas políticas têm sido acompanhadas por 53% do eleitorado. Outros 43% dos entrevistados afirmam não assistir ou ouvir os políticos na TV e no rádio.

Há exatas três semanas, postulantes a uma vaga no Legislativo ou no Executivo ocupam por dia e todo dia a única exceção são os domingos , uma hora e quarenta minutos do tempo de rádio e TV(1). Será assim até o último dia deste mês, quando restarão 72 horas para o primeiro turno das eleições. Entre os que afirmaram ao CB Data que, sim, acompanham a propaganda eleitoral, 93% o fazem pela televisão. Apenas 5% dos entrevistados disseram ouvir os candidatos pelo rádio. Mesmo em poucos segundos, candidatos aproveitam o espaço garantido por lei para tentar emplacar slogans e músicas de campanha inéditas, reinventadas ou copiadas de hits de sucesso e, principalmente, para falar o nome e o número da candidatura quantas vezes for possível.

Ataques Na corrida ao Buriti, os concorrentes Agnelo Queiroz (PT) e Joaquim Roriz (PSC) têm subido o tom a cada programa. O palanque televisivo serve para atacar o adversário, além de exaltar a própria campanha. À medida que o clima esquenta, as produções partidárias tendem a atrair mais audiência. Para os 1,1 mil eleitores consultados entre 29 e 31 de agosto, os dois candidatos que ocupam a dianteira nas pesquisas de intenção de voto são os que melhor usam o tempo de propaganda. Agnelo, com 38% de aprovação de seu programa, apresentou leve vantagem em relação a Roriz, que obteve 37%.

O candidato petista usufrui de sete minutos e 27 segundos para vender o peixe. Roriz tem cinco minutos e 39 segundos. A troca de farpas entre eles rendeu, só na última semana, quatro intervenções do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF). As acusações mútuas também são armas usadas pelos presidenciáveis. A pesquisa do CB Data, realizada somente no Distrito Federal, indica que para 55% do eleitorado Dilma Rousseff (PT) é quem aproveita melhor o tempo de propaganda no caso dela, 10 minutos e 38 segundos. Em seguida, com 20%, aparece José Serra (PSDB) sete minutos e 18 segundos.

Em relação aos principais problemas do Brasil e do Distrito Federal, as 1,1 mil pessoas consultadas na pesquisa do CB Data elencaram, no topo do ranking, saúde, segurança, educação, desemprego e corrupção. O resultado confirma outra pesquisa, feita em parceria pelo Correio e pelo Instituto FSB de Pesquisa no início deste mês, que apontou os dois primeiros temas como maiores desafios dos próximos governos. Outros assuntos citados pelo levantamento do CB Data foram saneamento básico, fome, administração, transporte coletivo, drogas, habitação e economia (veja quadro a lado).

1 - Programa gratuito Na televisão, a propaganda é transmitida das 13h às 13h50 e das 20h30 às 21h20. No rádio, das 7h às 7h50 e das 12h às 12h50. Os candidatos a governador, senador e deputado distrital aparecem às segundas, quartas e sextas-feiras. Os que querem ser presidente ou deputado federal têm espaço reservado às terças, quintas e sábados. Além desses horários, há diversas inserções durante a programação normal de rádio e TV.

O número Faltam 27 dias para o 1º turno

Rosso é aprovado

Rogério Rosso comanda um governo regular, na avaliação da maior parte dos brasilienses (31%) que participaram do levantamento do Instituto CB Data. Rosso assumiu o cargo no momento político mais difícil da história da capital do país. Ao fim do mandato, terá permanecido menos de nove meses à frente do Buriti. Classificam o governo dele como bom ou ótimo 29% do eleitorado. Ruim e péssimo, 22%. O restante não respondeu ou não soube responder ao questionamento.

Entre os que avaliaram como regular, a pesquisa perguntou se era regular-positivo, regular-negativo ou regular-regular, nem positivo nem negativo. Com o resultado, chegou-se ao índice de aprovação de 35%, que representa a soma das respostas bom, ótimo e regular-positivo. O índice de desaprovação atingiu 29%. Os pesquisadores apontam empate técnico entre as duas avaliações. Os que nem aprovam nem desaprovam o governo Rosso somaram 19%. Rosso tomou posse em 19 de abril, após vencer eleição indireta na Câmara Legislativa, com votos de 13 dos 24 deputados distritais.

No DF, também de acordo com a pesquisa, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é avaliado como bom ou ótimo por 71% do eleitorado. A soma de ruim ou péssimo não passa de 5%. O índice de aprovação salta para 78%, contra 8% de desaprovação. O PT, legenda do presidente, é o escolhido entre os brasilienses que dizem ter preferência partidária. Bem atrás, aparecem o PMDB e o PSDB. Seis em cada 10 eleitores, porém, afirmaram desconsiderar partidos. (DA)